Volto a ocupar esse espaço com minhas tortas linhas depois de um breve período. Da última coluna para cá, muitas coisas aconteceram. Inclusive, minhas férias. Justas férias. Em meio a este louco mundo do tal novo normal, esse tempo de descanso foi também tempo de saudade. Saudades de escrever por aqui e também, ou principalmente, daquela vida solta dos tempos pré-pandêmicos.
Uma saudade em especial tem se destacado um cadiquinho mais entre os quadros da parede da minha memória. Eu confesso que não sou muito bom com datas, mas me lembro como se fosse hoje. Era ali, em meados de março de 2020. Tudo começou com uma conversa frívola no WhatsApp. “E aí, vai rolar?”, perguntou um desinformado.
O questionamento foi seguido de várias dúvidas. Mesmo que repetitivas. “Vamo?”. “Vamo ou não vamo?” “Vai rolar ou não?” Em meio a um breve frenesi inicialmente negacionista, mesmo que não soubéssemos do tanto de negacionismo que viria, tomei a dianteira e tirei meu corpo fora. “Galera, tô fora. Com esse trem de vírus aí, eu tô fora por tempo indeterminado”.
A minha certeza quanto à decisão foi respondida quase que de forma unânime, em um efeito cascata. “Não vô!” “Também tô fora.” “É, galera, deu ruim!” Em um clima para lá de deprê, acabou assim desfeita a última pelada marcada em um mundo sem a Covid-19.
Agora, já se passaram mais de 19 meses desde a última vez em que pisei em uma quadrinha de grama sintética para uma hora ou um pouco menos de futebol com os amigos. A dor da falta da prática esportiva esporádica é física e psicológica. Meu corpo parece inteiramente enferrujado, enquanto minha mente claudica sem a tradicional válvula de escape.
Ante à necessidade de reviver a brincadeira que mais pratiquei em meus mais de 40 anos de vida, a pergunta que me faço diariamente é: será que já é o momento? Sem qualquer negacionismo, a resposta vem em negação: Não! Ao menos, para mim. Melhor esperar mais um cadiquinho e botar fé que em dezembro eu vou jogar um tempo de cada lado no clássico do Revirão x Amigos do Renatinho.