O Brasil conheceu ontem os primeiros obstáculos (?) na luta pelo inédito ouro olímpico. Sei que é difícil torcer por qualquer time comandado por Dunga, mas vejo uma conquista nos Jogos do Rio como um pequeno esboço na série de esforços necessários para apagar o vexame da Copa de 2014, quando os sete gols alemães silenciaram um país apaixonado por futebol. Nessa ânsia para recuperar a autoestima, o sorteio dos grupos do torneio foi benéfico à Seleção. Apesar de a baixa idade dos atletas que formam as equipes olímpicas nivelar um pouco a qualidade dos selecionados nacionais, não há como negar que enfrentar África do Sul, Iraque e Dinamarca não causa arrepios nem ao mais pessimista dos brasileiros. O grupo é uma baba.
Por pior que seja o momento do futebol, o sonho olímpico me parece mais real do que nunca. Isso se a tal CBF conseguir ter o mínimo de planejamento na transição da batuta do técnico Rogério Micale, responsável pela formação do time sub-23, ao casmurro treinador da Seleção principal: Dunga. Isso se o claudicante capitão do tetra sobreviver à disputa da Copa América nos Estados Unidos, em junho. Aliás, caberá a Dunga decisão crucial para o ouro: abrir mão de Neymar na Seleção principal – e silenciar anseios mercadológicos – para reforçar a equipe olímpica.
Nas entrevistas de ontem, o técnico ainda se mostrava reticente sobre a escolha, o que mostra que pode estar mais preocupado com seu próprio pescoço que com a história do futebol brasileiro. Não há espaço para dúvidas no mundo “pós-sete-a-um”. A conquista olímpica, hoje, é mais importante que qualquer coisa. Muito mais relevante que a cabeça de um treinador que pouco fez para ter a honra de comandar a Seleção.