Não são raras as vezes em que recorro à máxima cunhada pelo técnico italiano Arrigo Sacchi que versa que “o futebol é a coisa mais importante dentre as menos importantes”. Em uma coluna publicada em janeiro deste ano, em tom crítico ao lamentável episódio em que a torcida do Fluminense se dirigiu à equipe do Flamengo como “time de assassinos”, usei da frase de Sacchi para externar repugnância ao coro que ecoou no Maracanã. Já usei o dito por aqui outras vezes, certamente, confesso.
Pois é, já deu para perceber que vou recorrer à Sacchi novamente. O futebol é importante. Sim! Mas há coisas muito mais importantes. Muito mais. Por isto, aproveito um raro momento de lucidez da Conmebol para elogiar por aqui a entidade que gere o futebol sul-americano pela decisão acertada de suspender os jogos da Copa Libertadores da semana que vem e por ter adiado o início das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2022. Não havia outro caminho a ser seguido com a explosão de casos do novo coronavírus na América do Sul.
Aliás, mesmo quando acerta, a Conmebol erra. Acho lamentável a decisão que manteve as partidas programadas para ontem. Risco desnecessário. Imagine, por exemplo, o quão seria perigoso um único torcedor contaminado nas arquibancadas da Arena do Grêmio no superclássico gaúcho pela Libertadores que rolou no Gre-Nal desta quinta? Imagina o quão multiplicador seria uma exposição como essa? É praticamente impossível dimensionar os riscos. Melhor até nem mesmo imaginar.
Aliás, penso até que as confederações estaduais deveriam seguir pelo mesmo caminho e, neste primeiro momento em que ainda estamos tateando no escuro para entender, de fato, o tamanho real da ameaça que nos ronda. Afinal, o futebol é sim importante, mas não se pode brincar com a saúde de toda uma população. Durante a suspensão, rola de rever vídeos históricos dos nossos times de coração – invariavelmente, eu acabo recorrendo ao ano de 2012 -, desde que com as mãos sempre lavadas. Por favor.