Não acompanho o vôlei com a mesma paixão que dedico ao futebol. Não podia ser diferente. Fui criado no morro, fazendo gol no portão do vizinho e com o dedão eternamente escalpelado. Aos demais esportes, dedicava apenas certa comoção olímpica. Não era indiferente, contudo. Lembro-me bem do Mundial de vôlei de 1991 disputado no Brasil. A empatia foi tanta que, com os amigos de infância e de vida, esticamos um barbante de um lado a outro da rua. Eram três para cada lado. Eu era o Tande; o Sérgio era o Giovane; e o Beto era o Maurício – mesmo achando aquilo tudo uma “bobeira”.
O primeiro contato com o vôlei foi, assim, meio mambembe, mas me permitiu comemorar a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de 1992, no saque decisivo de Marcelo Negrão – na rua, quem fazia às vezes de Negrão era o Fabão. A breve relação com o esporte se esvaziou um pouco partir daí e só foi mantida por conta da paixonite adolescente pelas musas do feminino – principalmente a Leila.
O reconhecimento, contudo, pela competitividade, veio quando Bernardinho chegou à Seleção masculina. Com seu jeito amalucado, o cara reinventou o jogo e mudou minha visão sobre o esporte. Apostou em um desacreditado levantador – Ricardinho – para acelerar a bola e superar a melhor condição física de adversários e trazer de volta para o Brasil o sonho dourado em 2004. Ganhou tudo. Mais de uma vez.
Não acompanho o vôlei com a mesma paixão que dedico ao futebol. Mas isso não me impede em reconhecer em Bernardinho – genial e genioso – um dos maiores nomes do esporte nacional e agradecer por seu trabalho à frente da Seleção. Vai na fé, campeão!