Décimo oitavo colocado no Brasileirão com apenas quatro vitórias em 24 partidas, o Cruzeiro vive uma situação que parecia improvável há alguns meses e luta, de fato, contra uma iminente ameaça de rebaixamento. No fim de abril, quando a bola rolou para a primeira rodada do certame, o time mineiro era apontado como um dos favoritos à conquista do caneco e ainda sonhava com outras taças: a Libertadores e a Copa do Brasil. Cinco meses e meio depois, a Raposa parece seguir à risca o roteiro daqueles clubes que oferecem o próprio pescoço à degola.
A única certeza a qual a torcida cruzeirense ainda se apega para evitar o pior é na qualidade do elenco. No papel, ainda é uma grande equipe. Mas a clara falta de motivação dos atletas é elemento complicador. Em campo, o Cruzeiro é um bando. Na briga contra o rebaixamento, via de regra, vale mais a raça do que a técnica. Raça esta que parece distante da Toca no atual momento.
O maior problema celeste, no entanto, não se resume à vaidade de medalhões, como Fred e Thiago Neves. A treta mesmo está no amadorismo que marca a gestão do clube, um espetáculo mambembe que ganhou novo capítulo nesta quinta-feira, quando o vice-presidente de futebol do clube, Itair Machado, renunciou ao cargo. O afastamento abriu as portas para velhos fantasmas, com a possibilidade de Zezé Perrela – uma espécie de Eurico Miranda das Alterosas – reassumir o comando do futebol celeste. Para completar a bagunça, ainda há risco do presidente Wagner Pires de Sá ser afastado do comando da agremiação.
Mas é incrível como nada disto me surpreende. Seria inimaginável em qualquer canto do planeta que um time que venceu a copa nacional por dois anos consecutivos, acabasse relegado à segunda divisão do torneio nacional no ano seguinte. Seria algo singular em qualquer canto do mundo, mas não no futebol brasileiro. Por aqui, o futebol ainda é dominado por um amadorismo mal-intencionado, gerido por pessoas que parecem mais afeitos ao sucesso pessoal do que ao espetáculo e aos torcedores que doam tempo e dinheiro à paixão pelo esporte. Uma pena.