Sou da teoria de que técnico de futebol é supervalorizado no Brasil e acaba servindo como muleta para muita diretoria picareta esconder seus equívocos. No Brasil é assim: se o projeto não deu certo, demite-se o treinador em defesa da manutenção de um modelo falido. Reitero, para mim, técnico é só mais uma peça de uma engrenagem, que passa também por planejamento, formação de elenco, estrutura e condições de trabalho. Não abro mão dessa visão nas rodas de boteco. Contudo, se toda regra tem uma exceção, a exceção de momento – ou o nome do momento – é Tite.
Não! O Tite não é nenhum mágico. Não vai inventar a roda ou revolucionar o futebol mundial. Longe disso. Mas é um cara correto, dedicado e que não foge ao desafio. Se penso que treinador não é a única peça-chave de um projeto vitorioso, em dois jogos, o ex-técnico corintiano mostra ser o óleo capaz de fazer a suja engrenagem da Seleção Brasileira, corroída pela gestão duvidosa da CBF, destravar. Ao menos dentro de campo. Na base da conversa e nem meia dúzia de treinos, o “professor” fez a equipe encaixar, recuperar o ímpeto pelo ataque e fazer, mesmo que minimamente, o torcedor retomar um pouco do gosto de torcer pela Seleção.
Mas, como disse, Tite não é nenhum mágico. É só o cara certo no lugar errado. Capaz de trazer alegrias dentro de campo, mas incapaz de mudar sozinho a podre engrenagem do comando do futebol tupiniquim. Triste é pensar que a tal “Titebilidade” poderá ser usada como escudo para que as raposas sigam tomando conta das uvas.