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Vão-se os troféus

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O portal globoesporte.com trouxe uma matéria tocante nesta quinta-feira (8), quando contou a história do ex-atacante Ferrugem. Em 2003, ele viveu o auge de sua carreira como jogador de futebol, vestindo a camisa do Petrolina. Acabou eleito o craque do time no Campeonato Pernambucano daquele ano. A boa performance no certame rendeu a Ferrugem um troféu que, por muitos anos, foi exibido com orgulho, em local de destaque na casa do ex-atleta.

Agora, 18 anos depois, Ferrugem resolveu colocar o troféu à venda. A lembrança será leiloada. No fim do ano passado, o ex-jogador engrossou a lista dos milhões de desempregados Brasil afora. Casado e pai de três filhos, a saída encontrada pelo ex-atleta e sua esposa foi montar um negócio e abrir uma pequena lanchonete.

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O troféu será leiloado para levantar uma grana e, quem sabe, permitir ao ex-atacante reforçar seu empreendimento com uma máquina de coxinha. “Sempre tem um torcedor fanático que gosta de colecionar”, disse Ferrugem, esperançoso em conseguir a sonhada verba extra.

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Uma breve leitura da história de Ferrugem me fez rememorar, de forma imediata, minha infância. O sonho de ser jogador de futebol me enganou por muito tempo. A mim e a muitos de minha geração. Almejávamos jogar em um estádio lotado. Mais do que fama e grana, o anseio era vestir e honrar a camisa do clube do coração e da Seleção Brasileira, que ainda não havia sido cooptada politicamente. Sonho este que Ferrugem conseguiu realizar, mas muito longe do sucesso que milhões jovens ainda projetam.

A verdade é que, salvo para raríssimas exceções, o sonho de ser jogador de futebol é um pesadelo. Dos cerca de 360 mil jogadores profissionais brasileiros, 55% recebem um salário mínimo. Pior, convivem com períodos de desemprego, uma vez que a maior parte dos clubes não têm calendário durante todo o ano. É uma profissão das mais ingratas, uma vez que expõem os atletas a lesões e sequelas, além de ser uma carreira de duração muito breve.

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O caso de Ferrugem não é exceção no Brasil. É regra. No futebol e fora dele, as dificuldades financeiras de nosso povo parecem cada vez mais escancaradas pela pandemia, enquanto a inflação bate 8,35% nos últimos 12 meses, o ministro da Economia vislumbra cenários otimistas que nunca se confirmam e o presidente passeia de moto. A seguir nessa toada, muito em breve, não restarão mais troféus.

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