Eu saí de férias há pouco mais de um mês com a agenda cheia. Planejava curtir o ócio assistindo aos jogos da Copa América e da EuroCopa – que pareciam um prato cheio para quem cresceu chutando uma bola de borracha, de pés descalços, nas esquinas das décadas de 1980 e 1990. Já de volta ao trabalho, a constatação: entre viagens, risadas, reencontros e cervejas, vi apenas alguns “mata-matas”. A verdade é que, mesmo com o cardápio de grandes confrontos internacionais, preferi seguir acompanhando o falido Brasileirão.
Não consigo dissociar o futebol da paixão e da relação de proximidade que só a rivalidade nacional pode proporcionar. Tão legal quanto ver a Islândia ou País de Gales surpreenderem positivamente na EuroCopa, é ver a Ponte Preta aprontar para cima dos grandes e brigar por um lugar na parte de cima da tabela. Melhor que uma semifinal entre França e Alemanha é a disputa entre rivais como Palmeiras e Corinthians e Grêmio e Internacional pelas primeiras posições do torneio – bem melhor que um 0 a 0 entre Argentina e Chile pela final da Copa América, em jogo bastante avacalhado pelo árbitro brasileiro Héber Roberto Lopes.
O fato é que as férias são boas para colocar a cabeça no lugar e voltar a ter aquelas certezas de sempre, que moldam quem nós somos. Por mais que às vezes eu tente me enganar, nunca irei torcer por um Barcelona ou pela frieza de uma Alemanha da vida. Não tem jeito, tal qual a Dona Santinha Pureza da Escolhinha do Professor Raimundo original, eu “gostcho” é desses velhos embates da bola tupiniquim. Mesmo que eu passe o resto da vida condenando a desorganização do futebol brasileiro.