Está bem difícil falar de futebol brasileiro enquanto os chineses estiverem curtindo essa “black friday” de olhos puxados na terra descoberta por Pedro Álvares Cabral. Como fazer prognósticos sobre favoritos aos estaduais ou sobre o desempenho dos nossos clubes na Libertadores em um momento em que não se sabe sequer se o atual campeão nacional terá onze jogadores para colocar em campo em um torneio caça-níquel nos Estados Unidos daqui a dez dias?
Nesse momento, melhor olhar para a grama dos outros – que, fique claro, nem sempre é mais verde. Vejamos a Europa, por exemplo. A grana dos caras permite muito mais do que contratar bons jogadores da sempre efervescente América Latina. A força do Euro é uma fábrica de ídolos eternos. Messi e Cristiano Ronaldo são os exemplos mais recentes e estão imortalizados nos principais clubes da Espanha.
Assim, como Zidane que, após jogar muita bola, assume o comando técnico do Real Madrid com status de unanimidade. Não há nesse mundo quem não torça para o cara dar certo no comando da equipe merengue. Nem mesmo os “culés”, do Barcelona, são capazes de querer mal ao ex-craque francês.
Olhando como Zidane é respeitado, percebo ainda mais o quanto a nossa incapacidade diante de mercados emergentes, como o futebol da China e do Leste Europeu, tem acabado com nossos clubes e, de certa forma, com nossa paixão. Nossos clubes não conseguem manter um grande jogador por mais de duas temporadas. Não se cria identidade. Não temos mais ídolos. Nem o Josevaldo, do belo artigo do amigo Wendell Guiducci na edição de ontem quer ficar por aqui.
É triste, mas nossos jogadores só pensam em Euro. O pior é ter que dar o braço a torcer e admitir que, diante da esculhambação de nossos clubes, eles não estão errados.