O Flamengo segue em seu constante voo em céu de brigadeiro na atual temporada do futebol brasileiro e sul-americano. De 2019 para cá, salvo breves turbulências, o clube rubro-negro tem sobrado – e muito – naquele que é chamado o “País do futebol”. Na última terça-feira, por exemplo, o Fla conseguiu uma vitória mais do que importante, jogando fora de casa, contra a LDU do Equador: 3 a 2. Encaminhou a classificação para o mata-mata do principal torneio do continente.
Além dos três pontos, de quebra, o Rubro-Negro atingiu uma marca particularmente histórica. Pela primeira vez, o clube carioca somou três vitórias em três partidas na Libertadores. Também comemorou um golaço do regular Bruno Henrique. Para além da qualidade individual da equipe, o gol contou com uma bela jogada coletiva, incensada até nos perfis das redes sociais da Fifa, deixando aberta a possibilidade de indicação para o “Prêmio Puskas”. Será?
Tudo é festa na Gávea, como, imagino, vocês podem bem ver nas postagens – em polvorosa – de seus amigos rubro-negros nas redes sociais. Muito “bem e obrigado” na Libertadores, o Fla volta os olhos para o Campeonato Carioca, em que enfrenta o Volta Redonda, pela semifinal do torneio estadual.
Acendi o incenso para o Flamengo e dei toda essa volta para chegar exatamente aqui: no Campeonato Carioca. É desproporcional ver um clube com o elenco rubro-negro, de longe, o melhor do Brasil – e provavelmente o melhor das Américas -, disputar um torneio de tão baixo nível técnico.
Aliás, mesmo com nível técnico tão baixo, rivais históricos do Fla, como Vasco e Botafogo, ficaram pelo caminho, o que torna o chamado torneio mais charmoso do Brasil ainda mais canastrão. Mesmo com suas infinitas taças, é uma competição modorrenta, que pode se salvar minimamente com um Fla-Flu na final, ainda a se confirmar dentro de campo.
Este ano, contudo, o torneio flertou com o desrespeito em sua elite, o que também deve ser repetir na segunda divisão do Campeonato. É meio que inadmissível ver clubes profissionais apostarem em toscas jogadas de marketing como fez o Resende, ao relacionar o youtuber Cartolouco para uma partida oficial; e fará o Nova Cidade, que deve fazer o mesmo com Gabigordo, famoso por ser sósia do atacante Gabriel Barbosa, do Flamengo, na Segundona.
Deve ser difícil para um elenco como o do Fla disputar um torneio tecnicamente tão desproporcional e tão, com o perdão da palavra, avacalhado. Em meio ao reinado do Rubro-Negro, Cartolouco e Gabigordo são os bobos da corte; o Flu luta para se mostrar nobre; enquanto as coroas de Vasco e Botafogo parecem sem brilho.
Sem a vacinação em massa, a plebe não pode sequer estar na arquibancada para salvar, com sua costumeira alegria, e dar o mínimo de alento à competição, que se mostra distante do charme de outras épocas.