Londrina é campeão de fato e de direito da Primeira Liga. Ganhou na bola e desbancou o favoritismo e a prepotência de grandes como Fluminense e os eternos rivais mineiros Cruzeiro e Atlético. Título invicto, diga-se de passagem. Destaque para o goleiro César, que, como mineiro de Uberaba que é, brilhou sem muito estardalhaço ao defender cinco cobranças de pênaltis em dois jogos (na semifinal, contra a Raposa, e na decisão contra o Galo, na última quarta-feira). O título foi quase o céu para a equipe paranaense. Talvez umas das principais conquistas dos 61 anos de história do Tubarão, que já levantou quatro taças estaduais. Os sorrisos largos estampados na cara dos torcedores londrinenses, no entanto, não escondem uma verdade: a tal Primeira Liga é um fiasco e o maior espelho da incapacidade de nossos clubes de se organizarem.
Nascida de um ato que parecia de coragem, a Primeira Liga surgiu em 2015 com a promessa de romper com a hegemônica picaretagem das federações estaduais e o controle tirânico da CBF. Um bálsamo em meio aos escândalos de corrupção envolvendo a nata da cartolagem que espocava à época. Vista como um passo inicial para a independência dos clubes, o torneio, todavia, não passou de bravata. A rebeldia não durou um ano e, rapidamente, a CBF abarcou a competição em seu inflado calendário e jogou o campeonato para escanteio. Sem data, sem público, sem comprometimento das equipes e sem apelo, foi de primeira a última liga no imaginário futebolístico tupiniquim em duas temporadas. Exceto pela justa felicidade do Londrina, um torneio para ser esquecido e sepultado. Uma pena.