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‘Tchau, Dudu’

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Ele ganhou o apelido quando era o dono da bola nos campinhos de várzea do Rio de Janeiro: Dudu “Carniça”! Batia sem dó e fazia tudo para alcançar seus objetivos. Apesar da descompostura, conquistou seu espaço colecionando desafetos. Bagre ensaboado, superou a limitação técnica e seguiu carreira sem nunca sequer ter levado um cartão vermelho.

Foi assim desde que um agente picareta, vindo de Alagoas, lhe deu a primeira chance. Mesmo com sua truculência irrefreável, assinou contratos polpudos e atraiu olhos arregalados das marias chuteiras da arquibancada. Era um brucutu, mas soube negociar com a inescrupulosa cartolagem até chegar a um time de destaque.

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Amargou um tempo no banco e aproveitou para amealhar apoio do elenco com ameaças veladas de que contaria a todos tudo o que ocorria nas farras longe da família. Virou “líder” do grupo e titular com o aval dos companheiros. Era o dono da panela quando, às vésperas de um grande clássico, conspirou a queda do treinador.

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Com o técnico com os dias contados, entrou em campo rifando bordoadas no atacado. Seus arroubos, no entanto, já chamavam a atenção. Após um carrinho desleal, viu o cartão vermelho pela primeira vez. Na saída do campo, casmurro, disse que sofria retaliações por seu jogo viril, enquanto exibia uma camiseta com os dizeres “100% Jesus”.

Buscou apoio na arquibancada, mas viu sua amada conduzida pela segurança em meio à balbúrdia uníssona: “tchau, Dudu”. Conseguiu o inimaginável e uniu adversários históricos por um lapso de segundo, antes que todos voltassem a se digladiar em um fla-flu eterno. Sorriu, irônico, confiando que pode manter a titularidade com a chegada do novo treinador. Afinal, o dono da bola tem vaga em qualquer pelada.

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