Em geral, sou um sujeito otimista. Ou tento ser sempre que posso. Sou da teoria de que, diante de prejuízos físicos e financeiros, não podemos nos dar ao luxo de deixar o emocional ser prejudicado também. É aquela história: se não há remédio, remediado está.
Mas em certos momentos é difícil manter a positividade. Muito difícil, eu diria. Um bom exemplo é o buraco civilizatório em que nossas discussões políticas e públicas se meteram nos últimos anos. Impossível imaginar um futuro tranquilo no curto prazo. Infelizmente.
Exemplo melhor, talvez, seja os times de Juiz de Fora. Neste caso, é impossível pensar em qualquer futuro sequer no momento. É triste, mas é realidade: não há luz no fim do túnel vertical em que o futebol juiz-forano mergulhou em queda livre.
Na temporada 2020, Tupi e Tupynambás já fizeram juntos 11 partidas oficiais. Quatro do Carijó no Módulo II do Campeonato Mineiro. Sete do Baeta no Estadual. Nenhuma vitória até aqui. Nenhuma. Em 33 pontos disputados em campo pelos clubes locais, apenas cinco foram conquistados – três do Tupi e dois do Baeta. Pífios 15% de aproveitamento, o que deixa o Alvinegro de Santa Terezinha na 10ª posição da Segundona, como porteiro da zona de degola; e o Leão do Poço Rico na lanterna da elite estadual.
É impossível ser feliz em um cenário destes. Ou mesmo ser otimista. A vaca corre a passos largos para o brejo e, se a sorte não virar, teremos o clássico Tu-Tu no Módulo II em 2021. Isto no melhor dos recortes de momento, uma vez que o Tupi também flerta com o rebaixamento à terceira divisão. Corre-se sérios riscos de não termos sequer calendário no segundo semestre.
Os problemas são tantos que fica até difícil elencar. O que mais me irrita é que sempre buscam melodias diferentes tocando a mesma tecla, em um desafinado samba de uma nota só. Quando se olha para o planejamento do Tupynambás, o que se vê é um esboço do que foi o Tupi no passado. Quando se olha para o Tupi, o que se vê é reflexo dos fracassos acumulados nos últimos anos.
Enquanto a crônica da morte anunciada é escrita a cada rodada, os dois clubes recorrem à solução de sempre e colocam na vitrola a velha toada que cadencia a dança das cadeiras nos comandos técnicos. Assim, bailam, rosto a rosto, rumo ao desfiladeiro. É impossível ser otimista.