Reassumo este breve espaço renovado após justas férias. Mais do que 30 dias de descanso, retorno em paz por ter conseguido realizar um sonho de criança: assistir a um embate entre Brasil e Argentina “in loco”. Com os 2 a 0 e da boa apresentação da Seleção, o embate da última terça deixará marcas indeléveis em minha memória. Para além do jogo e a despeito das longas filas para tudo, dividir uma experiência como esta com amigos do passado e do presente é um quadro para se pendurar com destaque na parede das boas lembranças. Se, ao escrever estas letras tortas, estivesse tão extasiado quanto estava nas arquibancadas do Mineirão há três dias, seria leviano e taxativo ao afirmar que tinha mais juiz-foranos que argentinos no estádio. O que sei, porém, é que brindei com muitos amigos de lá e de cá e deixei um pedaço importante de minhas boas memórias em Belo Horizonte.
Uma coisa em especial me desagradou. Não foi, todavia, algo específico do clássico, mas uma situação corriqueira na “cultura” do futebol. Com a vitória encaminhada; uma boa apresentação coletiva; e destaques individuais incontestáveis como Daniel Alves, Gabriel Jesus e Roberto Firmino; a torcida passou a provocar os hermanos. Os gritos de “eliminado” ecoaram incessantemente na bela arquitetura do Mineirão. Outros gritos provocativos foram entoados a plenos pulmões. Enfim, ao que parece, os torcedores preferem menosprezar o adversário a enaltecer seu próprio time. Ora, deveríamos ir ao estádio para torcer e apoiar a camisa de nossa predileção, mas o fato é que a maioria parece torcer contra o oponente. De certa forma, isto parece se refletir na nossa discussão cotidiana e política em que determinada maioria prefere destacar os equívocos de quem pensa de forma contrária, ao invés de contribuir na busca por soluções consensuais em benefício de todos.
Do contra que sou, em meio ao coro de “eliminado”, gritei sozinho no Mineirão: “Classificado!” E, em meio ao escárnio da maioria. Que venha a final de domingo.