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O mambembe

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Ronaldinho Gaúcho virou uma caricatura de si mesmo. Aos 35 anos e muito longe de ser o jogador que encantou o mundo, o ex-craque tornou-se um melancólico promotor de eventos. Algo como um ex-BBB contratado para dançar os 15 anos da filha do latifundiário de um um cantão qualquer do Brasil, o meia leva seu sorriso característico a troco de tostões em quermesses alheias mundo afora. Já não é mais o dono da festa, mas um esboço como na última aparição ao lado do simpático Papa Francisco no Vaticano para divulgar uma partida inter-religiosa pela paz. Apesar da boa intenção, é muito pouco para um atleta eleito o melhor do mundo em duas oportunidades.

Por tudo que se mostrou capaz de fazer dentro das quatro linhas, o meia tem lugar garantido no panteão dos maiores da história. No entanto, não fosse levar a profissão com a mesma displicência com que dava dribles desconcertantes, poderia estar em um patamar acima. Penso que o Gaúcho termina sua carreira sem conseguir se firmar, de fato, como ídolo. Ao menos em terra brasileiras. Perdeu o carinho dos gremistas e não se firmou no Flamengo ou no Fluminense. Deve guardar um pouco do afeto dos atleticanos, mas um afeto compartilhado com todos os demais integrantes daquele mágico time de 2013. Nem mesmo na Seleção, onde levantou a Copa do Mundo como coadjuvante, terá o reconhecimento que poderia alcançar com seu futebol nada ordinário.

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É triste, mas o craque trocou o status de mágico da bola pelo rótulo de fera solitária de um circo mambembe. Um leão que não assusta mais ninguém e exibe sua juba por qualquer recompensa. Com os bolsos de Ronaldinho cheios, quem perde é a história e o futebol.

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