É engraçado como o tempo é mesmo uma coisa relativa. Por mais que a sociedade tenha estabelecido os segundos, os minutos, as horas, os dias, os anos, as décadas, os séculos e tantas outras métricas; por mais que todos carreguem relógios em seus pulsos ou bolsos, o tempo sempre será relativo.
Por exemplo, a guerra no Leste Europeu completou uma semana nesta quinta-feira. Sete dias. Independentemente de qual lado você escolha nas principais narrativas sobre o conflito, existe uma certeza: foi uma semana longa para todos, e, para uns, mais. Muito mais.
Para mim, foram dias de informações em excesso; pouco sono; cabeça baixa; confusão. Sete dias que demoraram a passar. Na prática, não passaram. Estamos no mesmo lugar. Todavia, certamente, a semana foi mais longa para quem teve contato direto com a barbárie.
Para quem está em solo ucraniano, o medo paralisou o tempo. Para quem conseguiu escapar, o relógio está voltando ao ritmo dito normal, após a eternidade dos últimos dias. Ao menos, é assim que imagino.
Inclusive, foi um pouco do que senti quando conversei com o ex-jogador do Tupi e do Sport, Claudinho, que, nos últimos dias, relatou à Tribuna a batalha particular para deixar a Ucrânia de seu filho, Guilherme Smith, jogador do Zorya.
No caso de pai e filho, felizmente, o medo deu lugar à esperança e a novos planos. Para milhões de ucranianos, o relógio segue suspenso e, todo dia, eles permanecem presos no pior dia de suas vidas.
Vivemos momentos difíceis. Não só na Ucrânia. Temos conflitos em vários países do mundo. A violência urbana se tornou algo um tanto quanto banal no Brasil. Não devia ser. Mas é.
Tão banal que, até no futebol, que deveria ser tão e simplesmente divertido, registramos, semana a semana casos de violência. Como exemplo, os recentes atentados a pedra contra as delegações do Bahia e do Grêmio.
Nada disso entra na minha cabeça. Só consigo pensar em uma coisa: paramos no tempo e aprendemos muito pouco com toda a história de guerras e violência que nos trouxe até esses dias que parecem cada vez piores. A sensação é de que não haverá amanhã.