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A profecia do ‘Doutor’

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Titular da Seleção de 1982, Sócrates é uma das maiores figuras do futebol. Um craque que carregava o adjetivo “brasileiro” na certidão de nascimento e sempre lutou, à sua maneira, por um país melhor. Se como jogador ele fazia barbaridades com o calcanhar do pé direito, como militante, não escondia sua verve esquerdista. Ideologias à parte, o fato é que o eterno camisa 8 se destacava por seu posicionamento político, algo raro entre os boleiros.

Há seis anos, o “Doutor” profetizava qual seria o maior medo do sistema: “Imagina a Gaviões da Fiel politizada? Você tem mobilização já pronta. Tem palco, duas vezes por semana, para exercer o seu direito, a ação política, só falta a politização.”

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O ex-jogador não viveu para ver seu desejo se tornar profecia, com o crescente engajamento das arquibancadas, surgido a partir de mobilização da própria Gaviões. Manifestações que passam pela luta por ingressos mais baratos e pela política paulistana, chegando às ingerências dos grandes conglomerados de comunicação na gestão do esporte brasileiro.

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Tais ações mostram a força de uma parcela importante da população. Mais do que curtir o “ópio do povo”, os torcedores se mostraram capazes de derrubar restrições da cartolagem contra os protestos e quebrar o silêncio da TV Globo, alvo de parte dos questionamentos.

Como em raras vezes na história, as arquibancadas forçaram a gigante da comunicação a fazer um “mea-culpa”, com o Galvão Bueno comentando as manifestações. “Protestar é sempre um direito”, afirmou. Galvão está certo pela metade. Lutar por um país melhor é também um dever. Assim como Sócrates, acredito no esporte como ferramenta de uma sociedade melhor e sonho com uma maior politização das arquibancadas. Muito além das ações pontuais de hoje.

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