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Entrei em uma loja especializada em queijos, em Juiz de Fora, e perguntei ao vendedor:
_ Boa tarde! Tem queijo Canastra?
De pronto, ele me respondeu que sim, foi até a geladeira, pegou o queijo e me entregou em mãos. No rótulo estava escrito o endereço: Santos Dumont. Eu questionei que não era queijo Canastra e ele respondeu:
_ Mas a gente vende como sendo.
Expliquei que para ser Canastra, precisava ter sido feito na região da Serra da Canastra. E percebi que, na verdade, ele desconhecia esta informação. Vendia como se fosse e pronto.
O famoso Queijo da Canastra foi registrado como Patrimônio Imaterial Brasileiro, em 2008, pelo IPHAN. A região é uma Indicação Geográfica, ou seja, é uma região delimitada geograficamente composta por sete munícipios, sendo eles: São Roque de Minas, Vargem Bonita, Piumhi, Medeiros, Tapiraí, Delfinópolis e Bambuí, que têm em comum a produção do Queijo da Canastra, há mais de 200 anos.
O que acontece é que os ingredientes e técnicas utilizados para fazer este tipo de queijo são os mesmos em várias partes de Minas e do Brasil, assim como na França, por exemplo. A partir do leite cru, assim que ordenhado, é acrescentado coalho e pingo, sal e depois, o queijo é colocado em descanso alguns dias, virando os lados alternadamente. Esta técnica foi trazida pelos portugueses ao Brasil e se disseminou pelo país. Vários queijos, em distintas regiões são feitos assim, mas somente aqueles produzidos na região da Serra da Canastra podem ser chamados assim.
Há dois anos, fizemos uma viagem para a Serra da Canastra, para conhecer as maravilhas deste queijo e sua produção. Conhecemos produtores com queijos premiados, inclusive na França, e visitamos quatro propriedades. Os vídeos estão disponíveis logo abaixo.
Para garantir a procedência do queijo da Canastra e evitar esta confusão, a partir desta semana adotou-se o uso oficial de etiquetas de caseína para identificação dos produtos da Aprocan, Associação dos Produtores de Queijo Canastra. Os selos, feitos a partir da proteína do leite (caseína) e tinta alimentar, trazem um número único que permite ao consumidor identificar cada queijo, seu produtor e a data de produção.
As etiquetas comestíveis são feitas pelas empresa francesa Matec e importadas e comercializadas no Brasil pela Globalfood. Na Europa, a maioria dos queijos de origem protegida já usam essa tecnologia. O queijo Comté é identificado assim há 80 anos. A marca é “colada” no momento de prensar o queijo, antes da salga, e resiste bem ao tempo e ao processo de cura.
Até o final de 2019, está prevista a comercialização de 246 mil queijos etiquetados com este selo. A sequência tem oito números. Os três primeiros identificam o produtor e os cinco últimos identificam o queijo em si.
Confira nossos vídeos gravados lá e que fizeram parte do projeto Pé na Estrada, na Tribuna de Minas, clicando aqui.
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Dá o play nestes quatro vídeos gravados na Serra da Canastra. Um beijo e um brinde!!!