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Capitão Caverna

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Como qualquer brasileirinho viciado em futebol, lá com meus dez anos de idade, no final da década de 80, admirava os jogadores como se fossem alguma divindade. Carente de ídolos e influenciado pela mídia, as paredes do meu quarto se preenchiam com pôsteres das bandas de rock da geração anos 80 e recortes de jornais e revistas com fotos dos profissionais da bola. A vida foi mostrando para aquele guri que os ídolos também eram de carne e osso.

Um dos recortes que eu tinha era do atacante Luisão, artilheiro do Tupi no Campeonato Mineiro de 1987. Depois o camisa 9 foi jogar no Sport, quando, no Estádio Procópio Teixeira, tive a oportunidade de assistir a um treino e logo depois ser muito bem recebido, mesmo sendo um torcedor Carijó. Ganhei autógrafo, conselhos e uma conversa de dez minutos. Tenho certeza que o atencioso goleador não tinha ideia que aquela resenha marcaria para sempre a minha vida. Luisão mostrou o lado bom do ser humano, a sua humildade impressionou o então garoto aspirante a jornalista, que lhe encheu de perguntas.

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Alguns anos pra frente, na escadaria de um hotel de Juiz de Fora, ao pedir autógrafo para um ponta-direita do Flamengo, que estava presente num pôster que eu tinha na parede, recebi uma finta de quebrar a coluna, como fez o Riascos com o César Martins, no clássico do último domingo. Ali eu conhecia o lado ruim dos ídolos. O vácuo eterno que me deixou o atacante veio à cabeça neste domingo, quando vi o time do Flamengo passar direto pelas crianças que sonharam a semana inteira com aquele momento único. Capitaneada pelo questionado Wallace, a nau Flamenguista começava ali a afundar pela falta de respeito com os torcedores mirins e pela falta de humildade ao fincar a bandeira antes da batalha vencida. Vencida por um Vasco consciente no jogo, competente e merecedor da vitória pelo campeonato que fez. Um time que carregou para dentro do campo a energia positiva das crianças, sem ódio e sem soberba.

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