O protagonismo sempre teve seu espaço no mundo do futebol: o rei, o imperador, o galo, “o aranha negra”, o baixinho, o fenômeno, o animal, o mito, termos que identificam jogadores como se fossem nomes escolhidos pelos pais. A galeria de heróis, bichos e guerreiros criada em boa parte pela mídia, em parceria com a torcida, soa positiva, faz parte do mundo da bola. É o lado divertido da rivalidade, aquela provocação saudável do pós-jogo, é o direito conquistado de exaltar o seu ídolo da última semana. O torcedor gosta do ator principal. Quem não gosta de ver no seu time um jogador que chama a responsabilidade pra si?
Na estreia do Brasil na Copa América, foi o que se viu de um craque precoce. Neymar chamou a faixa de capitão para o braço, o número dez para as costas e a responsabilidade para o peito. Armou e desarmou, reclamou, bateu falta, deu assistência, caiu, levantou, fez gol, tratou a bola com carinho, decidiu e gerou assunto na mídia. Foi Neymar. Diferente de 2014, agora ele chega com experiência internacional de uma disputa de Copa e um caneco de Champions League, mais experiente e ciente da sua responsabilidade na Seleção. Na partida, honrou a camisa amarela e fez somente o que dele esperava: não fugiu do centro do palco.
Parte da mídia viu este protagonismo com um tom negativo. Como se o astro do Barcelona estivesse tomando conta do pedaço, “pegou a faixa do Thiago Silva, a dez do Pelé e o direito de bater as faltas para ele”. Em pouco tempo programas esportivos, twitteiros, webs e redes inventaram o “Neymar Futebol Clube”, como se a Seleção Brasileira jogasse para ele.
Vamos com calma, nesse mundo de reis, imperadores e mitos, ele, com seus 23 anos, ainda carrega só o status de “menino”. Os vilões do futebol são outros. A culpa pela #neymardependência não é dele.