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Trabalhadores da bola

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Se pedir aos brasileiros para mentalizarem a figura de um “jogador de futebol” por alguns segundos, certamente o dinheiro, a fama e a ostentação passarão como realidade na cabeça de muitos. A ilusão que rodeia as crianças e os papais que desejam um dia ver os filhos jogadores de futebol é a certeza do sucesso na carreira. Sucesso que não atinge nem 10% desta classe, que como boa parte dos trabalhadores do país vive uma realidade bem distinta desta falsa ilusão.

Números divulgados neste ano pela CBF, referentes aos jogadores profissionais em 2015, ajudam a entender o que é real na vida destes trabalhadores da bola. No ano passado, o Brasil teve 28.203 jogadores com contrato, sendo que 23.238 deles (82,4%) ganhavam até R$ 1 mil mensais. E mais, boa parte não sabe se no ano seguinte terá o emprego. Destes poucos mais de 28 mil jogadores, apenas 11.571 começaram janeiro de 2016 com contrato em atividade.

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Vale o destaque que estes números não mensuram o inferno emocional da profissão. A distância e a saudade da família, moradia e alimentação muitas vezes inadequadas, contusões a perder de vista, cobrança das torcidas e a loucura de quase de seis em seis meses ter que mudar de cidade são realidades sentidas pelo coração de muitos destes atletas. Sem falar nos atrasos de salários, comum no cotidiano de muitos. Se você sonha para seu filho uma vida de Neymar, saiba que ele vai ter que ralar muito para fazer parte deste seleto grupo de jogadores que você mentalizou no início da coluna. O futebol também é feito de operários, como no mundo real fora das quatro linhas.

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