Não só de cachaça e de cerveja vivem os mineiros. A cultura do vinho está sendo, aos poucos, incorporada por aqui, principalmente na região Sul do estado, onde as características climáticas e de relevo contribuem para o plantio de videiras indicadas para a produção de vinhos finos, voltada para um consumidor mais exigente e atento aos padrões europeus da bebida. Inclusive, a qualidade dos vinhos produzidos em Minas Gerais já rendeu premiações, tanto nacionais quanto internacionais. Até este sábado, a Tribuna apresenta uma série de matérias que trazem os produtos mineiros como destaque, aproveitando a realização de mais uma edição do Minas Láctea, o maior evento lácteo da América Latina.
O bom resultado é proporcionado pela aplicação da técnica dupla poda ou de inversão do ciclo, desenvolvida há 17 anos pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), que transfere a época de maturação das uvas para o inverno, nos meses de junho, julho e agosto, quando as condições meteorológicas são mais favoráveis: solo seco, dias ensolarados e noites frias. “Existia uma dificuldade muito grande para cultivar uvas para vinhos finos na Região Sudeste, pelo fato de o verão ser muito chuvoso. Tradicionalmente, a uva amadurece no verão. Por aqui, isso causava deficiência na maturação das videiras. Com a nova técnica, foi possível contornar o problema”, explica a enóloga da Epamig Isabela Peregrino, que comandou a degustação comentada de vinhos durante o Minas Láctea, na terça-feira, 18.
Para a elaboração de vinhos finos, os produtores passaram a cultivar uvas da espécie Vitis vinifera, originária da Europa, que eram difíceis de serem cultivadas por não se adaptarem ao clima. “Hoje, os vinhos produzidos na região do Sul de Minas e na divisa com o Estado de São Paulo são de grande teor alcoólico, acima de 13%, têm boa capacidade de envelhecimento, possuem tanino, cor e equilíbrio na acidez, obtida pelas noites frias”, ressalta Isabela.