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Nós te amamos, Weezer, mas… Ajudaí, galera

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Oi, gente.

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O Weezer é uma das minhas bandas favoritas surgidas no último quarto de século, mas é preciso reconhecer que há quase 20 anos o quarteto comandado por Rivers Cuomo não lança um grande álbum, daqueles que a gente coloca para tocar no estéreo e fala “caracas, preciso ouvir isso todos os dias até o dia da minha morte, mesmo que ela seja desagradável e envolvida em dor excruciante”. Contraditório, não? Talvez; mas o caso é que os três primeiros discos do Weezer (“Blue album”, de 1994; “Pinkerton”, de 1996; e “Green album”, de 2001) eram tão bons, mas tão bons, mas tão bons MESMO, que tudo que viesse na sequência teria que cortar um dobrado para ser tão bom quanto.

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No fim das contas, não foi o que aconteceu, mesmo que a banda mantenha uma legião de fãs a ponto de ser realizado um cruzeiro marítimo com o Weezer dando uma de Roberto Carlos. Trabalhos como “Everything will be alright in the end” (2014) e o “White album” (2016; na verdade, os verdadeiros títulos dos álbuns “branco”, “verde”, “azul”, “vermelho” levam o nome do quarteto, mas assim são apelidados pelos fãs) até lembram o bom e velho Weezer, mas a maioria dos discos do grupo nesta última década e meia apresentam umas duas ou três músicas muito boas, e o resto é tão mais ou menos que a gente até esquece que os álbuns estão ali, pedindo para ser ouvidos e dando aquele “oi, sumido” musical.

Como gostamos tanto do Weezer (apesar dos vacilos), cá estamos nós esperando pelo “Black album”, previsto para sair em março, e eis que de repente, não mais que de repente, os rapazes surpreendem e lançam, na última quinta-feira (24), o “Teal album”, com versões para dez clássicos do rock, pop e R&B de gente como Black Sabbath, A-ha, Electric Light Orchestra, Eurythmics e Michael Jackson. O trabalho saiu após o inesperado sucesso da regravação de “Africa”, do Toto, que fez sucesso ano passado.

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O resultado, porém, é decepcionante, pois não agrega nada à carreira da banda ou às versões originais, em sua maioria. Quando chegou a notícia do álbum, logo se imaginou que o Weezer faria algo com a sua assinatura, porém a banda apenas reproduz as dez faixas praticamente sem mudar um “A” em seus arranjos. É doloroso dizer isso, mas imagine uma dessas bandas de formatura com uns músicos bons no que fazem reproduzindo pérolas do pop e do rock para formandos cheios de álcool nas ideias balançarem seus esqueletos. É isso que o Weezer faz em “Teal album”, um disco desnecessário, equivocado e que nada acrescenta à carreira do grupo. Antes tivessem ficado em casa, assistindo às inúmeras versões de “Bandersnatch”.

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Para sermos justos, a versão de “No scrubs”, do TLC, é a melhor do disco por procurar não ser mera fotocópia do hit do trio norte-americano. A 2.485ª versão de “Stand by me” (Ben E. King), por outro lado, é disparada a pior de todas, até porque não existe motivo algum no universo para essa música ser regravada pela 2.485ª vez. As demais são cópias tão fiéis dos trabalhos originais que a gente até curte ouvir “Paranoid” e “Mr. Blue Sky” na voz de Rivers Cuomo e poderia colocá-las no setlist aleatório de alguma festa, mas não fariam falta alguma à humanidade se não existissem.

Se é para recriar, o Weezer bem que poderia fazer como o Teenage Fanclub, que deixou “Like a Virgin” (Madonna) com a cara da banda escocesa e é uma das melhores covers já feitas. Ou o Manic Street Prechers com “Umbrella” (Rihanna), Faith No More com “I started a joke” (Bee Gees), Flaming Lips com “Space Oddity” (David Bowie), Placebo com “Bigmouth strikes again” (The Smiths), Swans com “Love will tear us apart” (Joy Division), ou o que o Pomplamoose tem feito há uns bons anos com suas versões para músicas de Lady Gaga, Michael Jackson, Beyoncé e Earth, Wind & Fire. Nem pedimos uma “Hurt” (Nine Inch Nails) com Johnny Cash, a mais bela apropriação de uma música alheia na história da raça humana.

Só um pouco mais de personalidade, Weezer, por favorzinho. Seria melhor ter deixado a galera esperando pelo “Black album”.

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Vida longa e próspera. E obrigado pelos peixes.

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