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PJ Harvey, um nome que (ainda) merece ser ouvido

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Oi, gente.

Eu fico feliz, mas muito feliz mesmo, quando um dos meus artistas preferidos lança um novo álbum, principalmente se for do tipo que te coloca nas cordas, acuado, à beira do nocaute pela saraivada de golpes sonoros que chegam até os seus ouvidos, passam pelo cérebro e conquistam seu coração. Daqueles que você precisa ouvir dezenas, centenas de vezes, e que vai continuar te conquistando daqui a muitos anos. Uma figurinha especialista nos knockouts musicais é a inglesa PJ Harvey, que desde o início dos anos 90 vem gravando trabalhos essenciais como “Dry”, “Rid of me”, “To bring you my love”, “Uh hu her”, “Stories from the City, stories from the Sea”, “Let England shake”, e há exatas duas semanas lançou “The Hope Six Demolition Project”, seu nono álbum de estúdio.

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História não falta para entender o desenvolvimento e conceito do álbum. Ele foi gravado entre janeiro e fevereiro de 2015 durante uma instalação de arte no Somerset House, em Londres, com ensaios abertos ao público, que tinha 45 minutos para assistir ao processo de criação do disco através de um espelho parcialmente transparente. Para garantir um pouco de segredo e privacidade, nada de celulares e qualquer outro tipo de aparelho eletrônico. Além de PJ Harvey, as gravações contaram com as presenças dos produtores Flood (U2, Depeche Mode, Smashing Pumpkins) e John Parish, parceiro musical de longa data da artista, e músicos como Mick Harvey (Nick Cave and The Bad Seeds), Jean-Marc Butty, Terry Edwards e James Johnston, entre outros, além do poeta/cantor jamaicano Linton Kwesi Johnson.

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Já as temáticas das letras são fortemente influenciadas pelas viagens da artista ao Kosovo, Afeganistão e a Washington, capital dos Estados Unidos. Foi na terra de Obama que ela tomou contato com o projeto “Hope VI”, que é apresentado como iniciativa destinada a demolir imóveis em estado precário e com altos índices de criminalidade, construindo no lugar habitações que oferecessem melhores condições de moradia. O problema é que muitos dos antigos moradores não têm condições financeiras de morar nos tais novos imóveis, o que gerou acusações de “limpeza social” – e também inspiração para o título do álbum e a faixa de abertura, “The community of Hope”. As viagens resultaram, ainda, na publicação do livro de poesias “The hollow of the Hand”.

A união de viagens ao redor do mundo e instalação de arte – mais a veia crítica da cantora e compositora em relação à política – faz de “The Hope Demolition Project” um álbum vigoroso, candidato a um dos melhores de 2016, com o rock, metais e coros gospel fornecendo a base necessária para as letras e a voz única de Polly Jean Harvey. Canções como “Medicinals”, “River Anacostia”, “The Ministry of Social Affairs”, “The orange monkey”, “The wheel” e “The Ministry of Defence” ajudam a entender porque PJ Harvey ainda segue relevante em nosso novo século.

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Vida longa e próspera. E obrigado pelos peixes, Prince Roger Nelson.

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