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Crise nas Infinitas Séries

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Oi, gente.

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Acredito que tenho ah migas e ah migos da coluna que acompanham as séries do “Arrowverse” (“Arrow”, “Supergirl”, “Flash”, “Batwoman”, “Legends of Tomorrow”, faltou alguma?), mas eu abri mão antes mesmo de estabelecerem esse universo compartilhado. São séries demais com episódios demais, muito crossover, muito episódio filler, mas aqui do meu cantinho sei que as produções inspiradas nas HQs da DC Comics têm o costume de adaptar algumas histórias e sagas clássicas dos quadrinhos.

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Quando anunciaram que haveria uma adaptação de “Crise nas Infinitas Terras”, vi que era hora de dar um confere mesmo sem acompanhar as séries. Homem maduro, quase podre que sou, li a mega saga da Distinta Concorrência ainda no final dos anos 80, numa coletânea em formatinho da Abril, e recentemente havia revisitado a minissérie para participar de um podcast, o Papo de Quadrinho (ainda não está no ar, mas pode conferir os outros episódios no Spotify), então estava afiado pra acompanhar o crossover.

Obviamente, por se tratar de uma adaptação para a TV – o que implica, entre outras coisas, num formato mais enxuto, menos personagens, CGI com altas restrições orçamentárias, roteiros mais básicos – não estava lá com maiores expectativas. Por sorte, a “Crise nas Infinitas Terras” da televisão foi bem divertida; não é aquele MCU do cinema, nem mesmo as séries da Marvel em seu início na Netflix, mas boa o suficiente para encarar os cinco episódios do maior crossover já feito para o “Arrowverse”. O mais importante, entretanto, é que não foi preciso acompanhar previamente todas as séries para saber o que rolava na trama, principalmente para quem leu os quadrinhos. A “Crise” até ganhou uma prévia do que iria acontecer em “Arrow”, mas nada que prejudique a experiência de quem só queria o prato principal.

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A trama é mais básica que a da HQ, porém facilmente reconhecível. Heróis de várias Terras paralelas precisam salvar o Multiverso do maligno Antimonitor, vilão oriundo do universo de antimatéria que deseja destruir tudo que existe – menos o seu universo, claro. Para isso, eles precisam pular de realidade em realidade para recrutar heróis e vilões, tentar impedir a destruição desses mundos, lidar com mortes, traições e alguns dos clichês mais batidos dos quadrinhos. Clichês, aliás, não faltam em “Crise nas Infinitas Terras”, mas além de servir como homenagens e fan services eles viram motivo de galhofa e ironia entre os próprios personagens em algumas passagens (“Mais um crossover? Sim, mas esse é diferente”).

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Precisamos lembrar, claro, das participações especiais e cameos (pontas) de alguns atores e personagens clássicos tanto dos quadrinhos quanto da TV. Aparecem na telinha Burt Ward, o Robin da série do Batman dos anos 60; Will Wheaton, o Wesley Crusher de “Jornada nas Estrelas: A Nova Geração”; Tom Welling, o Clark Kent de “Smallville”; Brendon Routh, que interpreta o Átomo no “Arrowverse”, voltou a vestir o uniforme (artificialmente “bombado”) do Superman, mas desta vez o herói da HQ “Reino do Amanhã”; John Wesley-Shipp, o Flash com uniforme de veludo da série dos anos 90; Robert Whul, que interpretou o jornalista Alexander Knox no “Batman” de Tim Burton; Ashley Scott, a Caçadora da série “Birds of Prey”; Kevin Conroy, o dublador do Batman nos desenhos dos anos 90 e que interpretou um Bruce Wayne inspirado também no “Reino do Amanhã”; e Marv Wolfman, o roteirista da maxissérie, que dá uma de Stan Lee no último capítulo da saga.

Além desses agrados aos fãs, “Crise nas Infinitas Terras” aproveita para colocar outras séries – sejam elas ainda em exibição, canceladas ou por estrear – dentro desse Multiverso. Estão lá “Constantine”, “Stargirl”, “Patrulha do Destino”, “Monstro do Pântano”, “Titãs”, “Raio Negro” e a futura produção com os Lanternas Verdes, da HBO. Até o cinema entrou na roda, com (AVISO DE SPOILER!!!) a surpreendente participação do Flash (Ezra Miller) de “Batman vs. Superman” e “Liga da Justiça”.

Sendo o mais fiel possível aos quadrinhos de Marv Wolfman e George Pérez, a “Crise” da TV recria alguns dos momentos mais marcantes da minissérie lançada em 1986, porém com as devidas adaptações – não dá para ter os incontáveis personagens dos quadrinhos e suas centenas de páginas em pouco mais de 200 minutos de história, então alguns heróis ganham mais importância, substituem os que ficaram de fora, às vezes fazem até hora extra.

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O resultado final não é um “Watchmen” da HBO, mas faz a alegria do fanboy eternamente louco por uma transposição quase literal dos quadrinhos para o audiovisual. Tem os momentos “saquei a referência”, cenas de ação decentes, CGI capenga, muita gente de collant colorido, piadas autorreferenciais, homenagens, clichês da nona arte. Foi legal de ver na televisão, e perceber o quanto isso não funcionaria no cinema por ser caricato e “sério” ao mesmo tempo.

A adaptação de “Crise nas Infinitas Terras” para a TV é como aquele filme de ação e aventura que você vai esquecer cinco minutos depois de sair do cinema, mas que lembrará como era legal quando alguém citar o crossover em algum bate-papo nerd.

Vida longa e próspera. E obrigado pelos peixes.

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