Oi, gente.
Enquanto a @almotchellis não contrata a mim e ao Faustão para trabalharmos na Rede Globe de Volta Redonda, seguimos com as resenhas dos bons quadrinhos que chegam às nossas mãos. Desta vez, o escolhido foi o terceiro volume de “Valerian _ Integral”, bela iniciativa da Sesi-SP Editora de publicar pela primeira vez em terras brasileiras um dos clássicos dos quadrinhos europeus e de ficção científica.
Neste volume, a série avança pelos anos 70 com três histórias: “O embaixador das sombras” (1975), “Nas Terras falsificadas” (1977) e “Os heróis do equinócio” (1978). Mais uma vez, é possível ver a evolução nas tramas e personagens criados pela dupla francesa Pierre Christin (roteiros) e Jean-Claude Mezières (ilustrações). As histórias vão gradativamente ganhando mais substância com o passar do tempo, discutindo questões como política, ética, sátira aos super-heróis, além de ficção científica das boas. Os desenhos, que sempre foram um dos pontos fortes da série, também atingem um novo patamar de qualidade, como diria aquele jogador do Flamengo.
As três histórias mostram as novas aventuras de Valerian e Laureline pelos vários cantos da galáxia. A primeira delas, “O embaixador das sombras”, tem vários elementos usados por Luc Besson em “Valerian e a Cidade dos Mil Planetas”, adaptação das HQs para o cinema. Valerian e Laureline são encarregados de escoltar o embaixador da Terra encarregado de presidir o conselho de Ponto Central, local de encontro de todos os povos da galáxia. Porém, logo depois de chegarem, Valerian e o embaixador são sequestrados, e Laureline terá que dar seus pulos para descobrir os responsáveis pelo sequestro e resgatar a dupla. Para isso, ela terá a ajuda de uma criaturinha capaz de… ahn… defecar objetos valiosos e também de um trio de espiões.
Um dos baratos da história é o protagonismo de Laureline, que já costuma livrar o Valerian de algumas roubadas, mas normalmente costuma servir de acessório para o herói em suas aventuras. É também a oportunidade de Mezières caprichar no visual de civilizações e espécies tão diferentes, um melting pot espacial que dá gosto de ver. Christin, por sua vez, aproveita para criticar nossa cultura imperialista e colonizadora, com a ambição de Galaxity de impor sua visão de universo a outras raças.
A segunda história, “Nas Terras falsificadas”, trata de outros temas populares do sci-fi: realidades alternativas e tentativas de alterar o passado. Desta vez, Laureline tem que ajudar uma cientista a descobrir quem está criando versões artificiais do passado da Terra em diversos períodos, enquanto vê inúmeros clones de Valerian serem mortos durante as missões.
Apesar de ter a trama menos interessante do trio que compõe a edição, “Nas Terras falsificadas” possui seu interesse por mostrar um agente do século XXVIII tendo que lidar com civilizações e culturas de eras tão distantes, ainda mais que elas sofrem a influência de outros períodos históricos. É também uma estocada aos cientistas pouco preocupados com a ética, capazes de sacrificar tantas “cobaias” em nome da ciência, pois o que não falta na história é Valerian morrendo de novo, de novo e de novo…
“Os heróis do equinócio”, que fecha a edição, lembra aquelas histórias de civilizações que chegam a um ponto de suas existências que é um verdadeiro beco sem saída. Simlane é um planeta moribundo, habitado apenas por idosos, pois seu povo se tornou estéril. A chance de perpetuar a espécie é encontrar quem consiga chegar até a Ilha das Crianças para trazer a próxima geração, mas ninguém nunca retornou. Sem escolha, a solução passou a ser apelar para os “campeões” de outros planetas a cada cem equinócios.
E, desta vez, a Terra é uma das escolhidas a oferecer ajuda, e o recrutado é Valerian. Ele terá que disputar com os “heróis” de outras civilizações _ e que representam paródias do fascismo, comunismo e espiritualismo _ a “honra” de ser o provedor da próxima geração, que viverá os tais cem equinócios antes do velho precisar ser substituído pelo novo.
É uma história interessante, que poderia muito bem ser um daqueles episódios de “Star Trek” em que o Capitão Kirk encontra três alienígenas num bar e tudo pode acontecer. E também é mais um belo trabalho de Jean-Claude Mezières, que além de criar belos cenários para a decadente Simlane manda muito bem na narrativa quando a aventura e a ação se tornam o centro das atenções.
Até agora, a Sesi-SP Editora publicou cinco das sete edições de “Valerian _ Integral”, e, como também já recebemos da editora os volumes quatro e cinco, em breve retornaremos ao universo de Valerian e Laureline.
Vida longa e próspera. E obrigado pelos peixes.
(Ah, aproveite para viajar com Valerian e Laureline enquanto ouve nossa playlist. Tem no Spotify e Deezer)