Oi, gente.
Quem viveu os anos 80 e 90 sempre sonhava em poder ouvir todas as músicas do mundo, e aí veio algum capeta e mostrou que a gente precisa ter medo do que deseja, porque podemos conseguir. A internet chegou e se tornou uma fonte inesgotável de música, seja por streaming, download, compra física ou digital. Resultado? Milhares e milhares de discos que, mesmo que você tente, jamais vai ouvir tudo até o fim da sua existência. Teimosos que somos, entramos nessa infinita maratona porque gostamos de ouvir música – e também para recomendar para os amigos. E, verdade seja dita, tem muita coisa boa por aí para ser ouvida.
Um bom exemplo é “Drones”, o mais recente trabalho do Muse. O trio liderado pelo tampinha Matthew Bellamy continua megalomaníaco e grandiloquente, mas o novo álbum é bem menos over que “The 2nd Law” em suas pretensões musicais. O Muse segue fazendo músicas que só cabem em estádios, mas “Drones” vai mais direto ao ponto que os antecessores imediatos. Para quem acompanha os ingleses desde quando Neymar ainda era um moleque de calças curtas, é fácil perceber que a nova aventura sonora faz tabelinha com os clássicos “Origin of symetry” e “Absolution”. Numa escala de zero a dez Thom Yorkes, o álbum fica com 7,5.
E temos outro veterano, o Blur, dando o ar da graça, e preciso dizer ao estimado leitor que já havia ficado muito feliz quando a banda anunciou o seu retorno e danou-se a fazer shows. A notícia de um novo álbum, então, foi o momento de dizer que demorou para abalar, sangue bom. Após ouvir uma, duas, cinco vezes “The magic whip”, veio a constatação de que a ausência foi longa, mas a saudade foi eliminada com requintes de crueldade musical. Com uma coleção ímpar de canções, o trabalho é tão bom quanto “Parklife” e “Blur”. Numa escala de zero a dez “Blur é melhor que Oasis”, “The magic whip” merece nove.
Para terminar, não podemos nos esquecer da nossa querida Islândia, terra dos sonhos da Leitora Mais Crítica da Coluna. O país de Björk, Sugarcubes e Sigur Rós deve ter alguma coisa misturada na água, talvez algum elemento químico vindo daquele vulcão de nome impronunciável, porque não cansa de entregar ao mundo gente capaz de fazer música das boas. A bola da vez é o quinteto de indie-folk-pop Of Monsters and Men, que acaba de lançar seu segundo trabalho, “Beneath the skin”. O sucessor de “My head is an animal” reúne mais uma baciada de canções empolgantes, que dão vontade de cantar junto e mostrar para todas as pessoas de quem você gosta. E acho que isso explica o quanto o disco é bom. Numa escala de zero a dez Björks loucas xingando as pessoas do alto de um vulcão, “Beneath the skin” merece nove.
E por enquanto é só, hora de ouvir mais e melhores canções. Vida longa e próspera. E obrigado pelos peixes.