Oi, gente.
Chegamos à terceira parte da nossa série com os álbuns clássicos de 1991, um ano tão bom para a história da música que dobramos a aposta para relembrar nada menos que 40 discos lançados três décadas atrás. Desta vez, os escolhidos são trabalhos de R.E.M., Public Enemy, Prince e sua New Power Generation, Motörhead e Temple of The Dog.
Caso a ah miga leitora ou o ah migo leitor tenham pegado o bonde andando, a primeira parte da série tem My Bloody Valentine, Massive Attack, Swans, A Tribe Called Quest e Pearl Jam, enquanto a segunda chegou com Nirvana, The Orb, Saint Etienne, Legião Urbana e Ice Cube. É muita música boa direto do túnel do tempo, porque aqui a gente não fica de miserinha quando o assunto é música.
Vida longa e próspera, Totonho. E obrigado pelos cinco melhores anos de nossas vidas.
R.E.M., “Out of time”
Você pode até conhecer histórias de artistas que atingiram o ápice criativo e de vendas lá pelo meio da carreira, mas no mínimo já faziam sucesso desde o primeiro álbum. Por isso, a trajetória do R.E.M. é única na história da música. O quarteto de Athens, Geórgia, só começou a furar a bolha do universo indie com seu quinto álbum, “Document” (1987), depois tornou-se grande “Green” (1988), mas virou um fenômeno mundial apenas com “Out of time”, que vendeu nada menos que 18 milhões de cópias em todo o mundo e faturou três Grammys. Por uma dessas ironias do destino, os heróis do rock alternativo viraram sucesso mundial com um trabalho que trocou as guitarras por uma sonoridade mais acústica, inspirada no folk e country, e que explodiu graças aos bandolins do mega hit “Losing my religion”, até hoje seu maior hit. “Out of time” também trazia pérolas como “Texarkana” e o trio que está entre minhas favoritas do grupo, “Radio Song”, “Half a world away” e “Country feedback”.
Public Enemy, “Apocalypse 91… The enemy strikes Black”
O quarto álbum do Public Enemy é marcado, entre outros motivos, pelo desafio enfrentado por Chuck D, Flavor Flav e Terminator X, que tiveram que recomeçar o trabalho do zero depois que anos de ideias musicais foram roubadas. Por terem que trabalhar em ritmo alucinante para entregarem o disco no prazo, a crítica viu em “Apocalypse 91… The enemy strikes Black” um álbum mais enxuto musicalmente, mas tão clássico quanto os anteriores. Com um título que faz referência a “Apocalypse now” e “Star Wars: O Império contra-ataca”, o álbum mantinha o discurso poderoso do trio, que descia a lenha contra o racismo, a desigualdade social e outros temas importantes para a comunidade afro-americana. Entre os destaques do álbum estão “Can’t truss it”, “Nighttrain”, “1 million bottlebags”, “Lost at birth”, o crossover com a banda de thrash metal Anthrax em “Bring tha noize” e “By the time I get to Arizona”.
Prince & The New Power Generation, “Diamonds and pearls”
Prince Roger Nelson morreu prematuramente em 2016, com apenas 57 anos. Porém, o gênio de Minneapolis lançou nada menos que 39 álbuns entre 1978 e 2015, quase sempre acertando na sua matadora mistura de gêneros como funk, soul, pop, rock e rhythm and blues. “Diamonds and pearls”, 13º álbum do cantor, compositor e multi-instrumentista está na lista dos grandes momentos de sua carreira. O trabalho foi o primeiro gravado com a banda que havia acabado de formar, a New Power Generation, e último antes de adotar aquele símbolo impronunciável como nome artístico. Batidões e baladas matadoras não faltam: “Cream”, “Daddy pop”, “Thunder”, “Live 4 love”, a faixa-título, “Money don’t matter 2 night” e a safadérrima “Get off”. Prince, como sempre, entregava às massas o melhor da música negra norte-americana revisada e atualizada, pena que logo depois ele brigou com a Warner e seus álbuns foram deixando de ganhar a divulgação e reconhecimento que mereciam.
Motörhead, “1916”
Assim como os Ramones, o Motörhead foi uma banda com uma base fiel de fãs, mesmo que não fossem tantos, mas que ficavam com o rock and roll direto e cru do trio, que cruzava as pontes para se encontrar com o heavy metal, o hard rock e o blues. E é o que se pode ouvir em “1916”, com exceção à faixa-título – uma balada em homenagem aos soldados que lutaram na Primeira Guerra Mundial e que encerra o álbum. Porém, antes do encerramento sentimental, “1916” é pedrada do início ao fim, que faz a galera querer bater cabeça até hoje com músicas como “The one to sing the blues”, “No voice in the sky”, “R.A.M.O.N.E.S.” (uma homenagem à banda de Joey Ramone), “Going to Brazil” (sobre a primeira passagem da banda por essas praias) e “Angel City”, que acrescenta um inesperado saxofone à sonoridade da banda.
Temple of The Dog, “Temple of The Dog”
Supergrupos são aquelas formações que reúnem integrantes de bandas já estabelecidas no rock – tipo o Them Crooked Vultures. Já o Temple of The Dog é o caso de supergrupo que virou supergrupo apenas quando seus integrantes alcançaram o estrelato com seus projetos principais – no caso, o Soundgarden e a turma que posteriormente formaria o Pearl Jam. Explicando: Chris Cornell, vocalista do Soundgarden, compôs duas músicas em homenagem a Andrew Wood, vocalista do Mother Love Bone que havia morrido de overdose de heroína em março de 1990. Aí ele chamou seu parceiro de banda, Matthew Cameron, mais os ex-integrantes do Mother Love Bone (e futuros integrantes do Pearl Jam) Stone Gossard e Jeff Ament, além de outro futuro PJ, Mike McCready, para gravarem um álbum em tributo ao cantor. Como o grunge ainda não havia tomado o mundo de assalto, o disco lançado em abril de 1991 só chamou a atenção do público no ano seguinte, e aí todo mundo conheceu faixas como “Say hello 2 heaven”, “Reach down” (as tais duas músicas compostas por Cornell) e “Hunger strike”, que contava com um ainda desconhecido Eddie Vedder contribuindo nos vocais.