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Como é fácil gostar de ‘Ghostbusters: Mais além’!

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Oi, gente.

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“Ghostbusters: Mais além”, que acabou de chegar ao streaming via HBO Max, poderia ser mais uma produção a entrar na lista de remakes, reboots e remakes disfarçados de reboots que chegam toda semana aos cinemas, TV e streaming que, muitas vezes, fracassam na missão de conquistar um novo público e atrair antigos fãs pelo calorzinho gostoso da nostalgia. A própria franquia sentiu a dor do fracasso em 2016, com o reboot/remake com protagonistas femininas (apesar de ser mais uma questão de misoginia que outra coisa). Mas ainda bem que os caçadores de fantasmas ganharam uma nova chance, porque “Ghostbusters: Mais além” é muito, mas muito legal! Dos filmes a que assistimos este ano, o longa é um dos mais divertidos, bem feitos e fáceis de se gostar desde o ato da matrícula.

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Um dos grandes problemas em se revisitar filmes clássicos é saber encontrar o tom ideal: se for um remake, não é raro mudarem elementos que descaracterizam a obra, e quando é um reboot (ou até mesmo continuação) a história parece berrar “PENSOU ERRADO, OTÁRIO, ISSO É UM REMAKE SAFADO!”. Daí que muitas produções fracassam, pois não conquistam pelo elemento nostálgico e muito menos despertam o interesse das novas gerações, e a ressurreição da franquia não sai da tumba. Pois o novo “Ghostbusters” acerta o alvo por saber dosar o novo com as referências aos dois filmes originais, além de acenos para o desenho animado que fez sucesso entre os anos 80 e 90.

A trama é simples a ponto de o espectador matar boa parte da charada logo nos primeiros 15 minutos: completamente falida, a mãe solteira/separada Callie (Carrie Coon) descobre que seu pai – com quem não falava há décadas e por quem guarda um poço de mágoas – morreu e deixou uma fazenda como herança. Prestes a ser despejada, ela se muda com os filhos Phoebe (Mckeena Grace) e Trevor (Finn Wolfhard, de “Stranger Things”) para a propriedade, localizada em algum lugar esquecido do estado de Oklahoma. O que parecia ser a salvação logo se mostra a maior roubada, pois o local está caindo aos pedaços e o pai – considerado completamente ruim das ideias pela população local – deixou um caminhão de dívidas.

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E qual a ligação da trama com os “Caça-Fantasmas” dos anos 80? Em primeiro lugar, a sequência inicial do longa, com a morte do pai de Callie, mostra que ele não era um sujeito qualquer, e aí fica molezinha descobrir que ela tem uma ligação familiar com os caçadores de fantasmas. Ao mesmo tempo, Callie e seus filhos chegam à tal cidadezinha esquecida praticamente no mesmo instante em que eventos bizarros passam a acontecer com mais frequência; para completar, Phoebe e Trevor quase que tropeçam no legado da família, e aos poucos vão descobrindo que são “herdeiros” dos lendários e quase esquecidos Ghostbusters.

Além dos irmãos, embarcam na aventura um professor de verão (Paul Rudd) fã dos Ghostbusters; o crush (Celeste O’Connor) de Trevor; e o podcaster-mirim (Logan Kim) que chama a si próprio de… Podcast. É esse grupo, formado por adolescentes, pré-adolescentes e um adulto meio “tô nem aí”, que vai encarar a missão de salvar a humanidade de uma ameaça que tem ligação direta com o longa de 1984.

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“Tá bom, mas qual a boa então?”, perguntaria a ah miga leitora e o ah migo leitor. Digamos que a melhor forma de responder seria por meio de uma live (toda terça, às 20h30, tem a “Live d’OMinotauro” no Instagram, só seguir o perfil @ominotauro ??), mas tentaremos resumir por aqui. Em primeiro lugar – mas não necessariamente o mais importante -, tem a questão roteiro, que é muito bem amarrado. Em tempos de “Obi-Wan Kenobi”, em que os roteiristas apresentam umas resoluções que chegam a ser ofensivas, “Ghostbusters: Mais além” tem uma história redondinha, que consegui ir de um ponto a outro de uma forma que faz sentido e que é esperta em ligar a nova história com os eventos dos dois primeiros filmes (sim, o reboot de 2016 é solenemente ignorado).

A nova trama faz todo sentido como continuação tardia dos primeiros longas, e nem o deus ex-machina do último arco estraga a experiência. E todas as referências aos antigos longas, seja pelo resgate de cenas mostradas pelo YouTube, a volta do ECTO-1, os equipamentos clássicos e o retorno pontual de alguns personagens, são perfeitas para conquistar o mais cético dos fãs de outrora, além de despertar, no mínimo, a curiosidade da turma mais nova.

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Por falar nos adolescentes e jovens adultos, outro mérito do novo “Ghostbusters” está em aliar a nostalgia ao que conquista a garotada do século XXI – e sim, estamos falando de “Stranger Things”, a série da Netflix que tem altas influências de “Caça-Fantasmas” e que tem suas digitais encontradas na produção. Por isso mesmo, “Mais além” consegue resgatar o espírito das aventuras juvenis de quase quatro décadas atrás por meio de uma linguagem cinematográfica mais atual, num casamento que, como diriam os jovens, deu bom.

Por fim, não podemos deixar de citar os ótimos efeitos especiais, que, aliados aos efeitos práticos, não deixam os fantasmas e monstros com cara de Playstation 2, além do elenco. Protagonista do filme, Mckenna Grace é um daqueles achados que esperamos que tenha uma longa carreira no cinema, mas todo o grupo de protagonistas se sai muito bem, mesmo que alguns não tenham o mesmo espaço. E o retorno dos personagens clássicos é de fazer o público mais velho ficar com aquele oportuno cisco no olho, principalmente quando o CGI, atualmente, permite trazer até mesmo os que estão ausentes.

Definitivamente, “Ghostbusters: Mais além” é o tipo de filme que deve ter deixado feliz Ivan Reitman, diretor dos dois primeiros longas – sucedido pelo filho Jason no cargo – e que morreu em fevereiro deste ano, poucos meses depois do lançamento do filme, e também Harold Ramis, que interpretava Egon Spengler e foi roteirista dos dois primeiros longas, mas que morreu em 2014. Eles podem ter certeza que a continuação – já confirmada pela Sony – está em ótimas mãos.

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Vida longa e próspera. E obrigado pelos peixes.

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