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‘The end of the fxxxing world’, enfim no papel

coluna destacada 1
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Oi, gente.

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“The end of the fxxxing world” foi uma das melhores séries que assistimos em 2018, e ganhou na época uma resenha cheia de elogios nesta coluna. Como explicamos na ocasião, a produção da Netflix era a adaptação dos quadrinhos escritos e ilustrados por Charles Forsman – que teve outra HQ, “I am not OK with this”, levada para a telinha pelo serviço de streaming, infelizmente cancelada na primeira temporada. Por outro lado, “TEOTFW” (como também é conhecida pelos fãs) fez tanto sucesso que ganhou uma segunda temporada com uma trama totalmente inédita, que aproveitou partes do que não havia sido aproveitado do material original.

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Entretanto, faltava chegar ao Brasil os quadrinhos publicados originalmente por Forsman entre 2011 e 2012, em 16 capítulos de oito páginas cada, transformado em volume único em 2017 pela editora norte-americana Fantagraphics Books. E foi nesse formato – parecido com um livrinho de bolso e capa dura – que a HQ chegou ao nosso maltratado país no final do ano passado, via Conrad Editora, com o subtítulo “O fim da pxxxa toda”. Podemos afirmar, com toda sinceridade, que “The end of the fxxxing world” é uma ótima série de TV que adaptou uma ótima história em quadrinhos.

A história, passada nos Estados Unidos (na Netflix, ela acontece na Inglaterra), tem como protagonistas os adolescentes James e Alyssa. Ele é um projeto de sociopata, cujo passatempo é matar pequenos animais – e que chega ao ponto de enfiar uma das mãos no triturador de lixo para tentar sentir alguma coisa -, enquanto Alyssa é atraída pelo seu jeito silencioso, que ela vê como um complemento para o seu sentimento de deslocamento em relação às coisas. James, por sua vez, até pensa em matar a garota, mas vê em Alyssa a chance de despertar algum sentimento dentro de si. Em busca de conexão e a fim de se livrar do tédio, eles decidem fugir juntos, e as consequências levarão o casal a descobrir como é difícil o mundo fora do seu círculo mais próximo.

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Com “The end of the fxxxing world”, Charles Forsman criou um história sobre amadurecimento, encarar os próprios traumas, fragilidades, o quanto os adultos podem ser maus ou ridículos, o tédio de uma existência que ainda não encontrou sentido. Mas é, sobretudo, uma história de amor nada convencional, com duas figuras que – como todo adolescente – tentam mostrar força onde, muitas vezes, o que existe é o medo e o desejo de ser amado.

A história é ainda mais valorizada pela forma como é contada, com cada capítulo dando destaque a um dos protagonistas, numa trama de poucos diálogos e desenhos em preto e branco de uma simplicidade ímpar, que remetem às tirinhas de Charles Schulz (o criador da “Turma do Charlie Brown”), em que a falta de movimento, ação, casa perfeitamente com a sensação de tédio de James e Alyssa, e que mesmo assim é chocante nos momentos violentos.

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Para quem já assistiu à série da Netflix, retornar ao universo de “The end of the fxxxing world” por meio dos quadrinhos vale a pena pela forma como Charles Forsman desenvolve a história; para os novatos, fica a oportunidade de conhecer James e Alyssa por onde tudo começou: em uma história em quadrinhos irresistível.

Vida longa e próspera. E obrigado pelos peixes.

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