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Os erros e acertos da Marvel com Doutor Estranho e o Cavaleiro da Lua

cavaleiro da lua
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Oi, gente.

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Quem acompanha o Universo Cinematográfico Marvel (MCU, em inglês) passou por dias agitados, na última semana. Afinal, tivemos o encerramento da primeira temporada (ou seria minissérie?) de “Cavaleiro da Lua” e o lançamento nos cinemas de “Doutor Estranho no Multiverso da Loucura”, duas produções do Marvel Studios cercadas de expectativas, nem todas alcançadas – e para o bem e para o mal, vale dizer.

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Nossas primeiras considerações consideráveis vão para a chegada do Cavaleiro da Lua ao MCU, que esta coluna já vinha pedindo desde 2017. Os trailers, fotos de divulgação e a presença de Oscar Isaac, como Steven Grant/Marc Spector, jogaram as expectativas lá para cima, mas a sensação de potencial desperdiçado é bem forte, ainda mais que a história do personagem não teve nenhuma conexão aparente com o restante do universo em que está inserido, o que permitiria explorar novas possibilidades narrativas.

Se perguntarem se existe uma fórmula que tem atrapalhado o Universo Cinematográfico Marvel, podemos dizer que “sim”; porém, não fazemos parte do time que acha que o Universo Marvel no cinema e streaming chegou a um ponto de saturação – o que não quer dizer que, pela primeira vez, essa “fórmula Marvel” incomodou, mais pela forma que foi utilizada que pelo uso em si, que resultou em episódios muito desiguais quando comparados.

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Essa “fórmula”, por exemplo, tem se repetido nos atos de cada temporada. O primeiro episódio de “Cavaleiro da Lua” – assim como em “WandaVision” e “Loki”, por exemplo, foi espetacular, com a percepção de que o Marvel Studios havia decidido arriscar novas linguagens. Curtimos de montão ter o mesmo sentimento de desorientação de Steven Grant, perdido em meio a criaturas sobrenaturais, vozes na cabeça, apagões etc. A forma como a produção brincou com o transtorno dissociativo de personalidade entre Grant e Spector rendeu ótimos momentos, ainda mais com um Oscar Isaac inspiradíssimo ao interpretar os dois personagens.

O segundo episódio foi quase tão bom quanto o primeiro, e levar o herói para o Egito poderia ter colocado a história a outro patamar. Porém, o terceiro episódio foi sofrível, e o quarto parecia ter recuperado o nível com sua mistura de Indiana Jones e filmes de terror; porém, toda aquela parte no túmulo de (SEM SPOILERS AQUI) colocou tudo a perder. O penúltimo episódio, assim como em outras séries, criou mais uma vez a torcida de que tudo seria diferente, mas o season finale voltou a escancarar os defeitos do MCU em suas séries: vilão (Arthur Harrow, interpretado por Ethan Hawke) que é um “negativo” do herói, com um plano maligno genérico (algo comum em várias produções do MCU, aliás); episódio final corrido, em que tudo precisa ser resolvido às pressas; e uma grande batalha envolvendo os antagonistas – e, desta vez, além de Cavaleiro da Lua versus Arthur Harrow, ainda tivemos a pancadaria entre deuses egípcios no estilo tokusatsu.

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Como “Cavaleiro da Lua” terminou com uma cena pós-créditos que deixa em aberto o possível retorno do personagem, o jeito é torcer para que o Marvel Studios dê um pouco mais de liberdade para suas equipes criativas, pois o que pode levar o público a se cansar do MCU não é o fato de todas as produções estarem interligadas de alguma forma, mas se elas começarem a entrar no piloto automático.

E um exemplo do quanto faz bem dar aos criadores um pouco mais de liberdade criativa é “Doutor Estranho no Multiverso da Loucura”. Se o primeiro filme dos X-Men mostrou que bastava ter um bom roteiro, elenco bem escolhido e não economizar nos efeitos especiais para levar o público aos cinemas, foram os filmes do Homem-Aranha dirigidos por Sam Raimi que conquistaram as multidões – e veja bem, estamos falando de um cineasta que era mais conhecido pelas produções de terror.

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Assim como James Gunn, Taika Waititi e outros poucos cineastas, Raimi certamente teve que se adequar ao estilo Marvel de fazer cinema, mas um dos motivos de “Doutor Estranho no Multiverso da Loucura” ser tão legal é ver as digitais do diretor, principalmente, nas cenas de terror que ele inseriu no MCU, com as criaturas demoníacas, os zumbis e monstros que aparecem na tela.

O segundo longa estrelado por Stephen Strange (Benedict Cumberbatch) é um tremendo avanço em relação ao primeiro filme com o personagem, que passa a ter uma profundidade que ainda não havia sido explorada, seja por revelações do seu passado ou pelo próprio processo de amadurecimento. Como não vamos dar spoilers, também é preciso destacar a presença de Wanda Maximoff (Elizabeth Olsen), a Feiticeira Escarlate, em sua melhor aparição na tela grande. Mesmo sem tanto espaço, Wong (Benedict Wong) e a estreante America Chavez (Xochitl Gomez) também deram conta do recado.

Dentre os tantos acertos do Marvel Studios neste filme e no MCU em geral, temos que falar de como Kevin Feige e seus comandados conseguem subverter as expectativas do público. Como não vamos dar spoilers, parte dois, é impressionante a manha do estúdio para lançar trailers que fazem os youtubers, podcasters, tuiteiros e os fãs em geral criarem altas teorias que, com cinco minutos de filme, vão por água abaixo. Apesar de também derrubar jornalistas que acabam escrevendo suas matérias quase que no escuro, é muito legal passar duas horas no cinema e ser surpreendido a maior parte do tempo, com exceção daquele personagem que… Deixa quieto, né? Vamos ver o quanto vamos errar com “Thor: Amor e trovão”, outro longa que promete.

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Vida longa e próspera. E obrigado pelos peixes.

E MUITO OBRIGADO POR TUDO, George Pérez. Obrigado por “Crise nas Infinitas Terras”, Vingadores, Novos Titãs, Mulher-Maravilha, e por fazer com que seu amor pelos quadrinhos também aumentasse nossa paixão pela nona arte.

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