Oi, gente.
Tá osso acompanhar essa Guerra Infinita de seriados, pois a equação tempo-paternidade-compromissos-horas de sono tem ficado mais e mais complicada com o passar dos dias, semanas, meses. A solução? Assistir um pouquinho de cada – ainda mais quando a disponibilidade d’A Leitora Mais Crítica da Coluna é essencial – e dividir com as ah migas e os ah migos nossas considerações consideráveis sobre o que tem rolado na telinha, começando por…
“Dark”
Para provar que toda regra tem exceção, a produção alemã da Netflix é a única que já fechei todos os episódios. E ó: vale a pena acompanhar essa trama toda enrolada que se passa em uma pequena cidade da Alemanha, envolvendo adolescentes desaparecidos, adolescentes desconhecidos que aparecem mortos, adolescentes que sofrem pra dedéu, adultos que sofrem pra dedéu e mais um pouco (afinal já são adultos), uma usina nuclear, túneis sinistros, pássaros que caem mortos quando a luz começa a piscar, viagens no tempo, um barbudo sinistro de capuz, gente que paga o pão que o tinhoso amassou por pecados passados, um padre que não envelhece, música pop dos anos 80 e trilha sonora tensa, muito tensa. Tem que prestar muita atenção pra não se perder entre os personagens, mas “Dark” é danadinha de boa.
“Jessica Jones”
Foram apenas três episódios da segunda temporada até o momento, mas nossa querida Jessiquinha continua a criatura deliciosamente desagradável que amamos. A trama centrada na corporação que teria dado os poderes à personagem é boa, esse lance de voltar ao passado para descobrir os podres de empresas malvadas rende assunto, porém… Tá na cara que “Jessica Jones” vai sofrer do mesmo mal das outras séries da Marvel na Netflix, que esticam a história para preencher a cota de 13 episódios. Haja trama paralela, vilão que escapa aos 45 do segundo tempo e linguiça para ser enchida. Oito, no máximo dez capítulos, fechariam a conta, mas “Jessica Jones” ainda merece nossa fidelidade.
“Perdidos no espaço”
Mais uma da Netflix. Assisti a dois episódios, e até agora não senti nenhum amor pela nova versão da clássica série dos anos 60. E olha que eles tentam conquistar nossos corações com efeitos especiais muito bons e clima mais sombrio em relação ao original, mas a história é arrastada… Nem os flashbacks que mostram o passado dos personagens ajuda a dar ritmo à produção. E mais um pecado: não dá pra sentir um pingo de empatia pelos personagens principais, parece que a gente não vai sentir falta se um deles cair num abismo ou for devorado por alguma criatura do planeta bizarro em que caíram. A Doutora Smith é só um ser humano desprezível, e não gostei desse novo robô.
“Silicon Valley”
A série da HBO está na quinta temporada, mas continua boa que só. E olha que a produção demitiu o T. J. Miller, que interpretava o maconheiro/beberrão Erlich Bachman, porque o sujeito não conseguia sair do personagem. Essa é a sorte de ter um elenco muito bom, roteiristas que entendem do riscado e um universo – no caso, o Vale do Silício, na Califórnia – que rende muita história satirizando as empresas de tecnologia e a fauna de programadores e empreendedores que vive pela região, loucos para ganhar seu primeiro bilhão de Obamas com algum aplicativo revolucionário.
“Legion”
Assisti apenas ao primeiro episódio da segunda temporada, mas que coisa marlinda. O projeto do Noah Hawley é fácil, fácil a melhor série baseada em HQs atualmente na TV, com todos aqueles personagens estranhos, visual que lembra os filmes do Wes Anderson, gente dançando e trama nada convencional, em que muitos episódios se passam inteiramente na cabeça do protagonista, David Haller (Dan Stevens). Se David Lynch resolvesse trabalhar em uma série de super-heróis, ela não seria muito diferente de “Legion”. Para assistir de joelhos e repetindo “eu não sou digno” ao final de cada episódio.
“The Americans”
A. MELHOR. SÉRIE. DE. TV. DO. UNIVERSO. Ok? Valeu, até semana que vem, vida longa e…
Tá bom, vamos lá. A última temporada já tá rolando no Brasil (passa na Fox Premium 2), já assistimos a três episódios e eu quero que ela dure para sempre. A história deu um salto de três anos (agora se passa em 1987), com Philip Jennings (Matthew Rhys) aposentado da vida de espião soviético mas em crise com a mulher, Elizabeth (Keri Russell), que ainda acredita na missão e vem treinando a filha Paige (Holly Taylor) para seguir seus passos.
Para quem ainda não conhece (hereges!), “The Americans” se passa nos anos 80, em plena Guerra Fria, e mostra um casal de espiões da União Soviética vivendo como dois americanos típicos, que entre uma missão e outra comanda uma agência de turismo, paga a hipoteca da casa, confraterniza com os vizinhos e é a mais perfeita tradução do american way of live. É drama, é suspense, é ação, é drama político, histórico, tem os protagonistas usando disfarces, reconstituição de época perfeita, ótimos atores, ah, vão lá assistir a “The Americans” de uma vez, diabo.
Vida longa e próspera. E obrigado pelos peixes.
Cena pós-créditos
Já assistiu a “Vingadores: Guerra Infinita”? Não? Então lá vai o aviso: ASSISTA, HOJE, e saiba que você jamais estará preparado para o que acontece neste filme.