Oi, gente.
A terça-feira começou conforme o roteiro. A Leitora Mais Crítica da Coluna saiu para o rolê matinal com o Imperador Django, enquanto eu terminava de me arrumar para o trabalho e ficava de olho em Antônio, O Primeiro de Seu Nome. Normalmente aproveito para acompanhar algum noticiário na TV ou pela rádio, dou uma espiada na internet para saber se alguém morreu ou foi preso ou pediu demissão. Mas o cenário anda desanimador que só: as boas notícias até aparecem, mas seus efeitos são lentos igual a um Fusca subindo a serra, enquanto as bad news se multiplicam e têm efeito imediato.
Resolvi então dar um basta nessa vibe ruim. Pelo menos só por hoje. Ontem. Vocês entenderam. Botei o controle remoto para trabalhar e assisti ao final do show da Peaches que passava no Canal Bis; depois, no lugar da reprise do “Bom dia Brasil” e as patifarias que vêm da direta e da esquerda, fui caçar os canais de música da TV por assinatura. E a manhã que poderia ser baixo astral ficou muito melhor. Eu e Antônio ouvimos Beatles (“With a little help from my friends”), Electric Light Orchestra (“Last train to London”), Kiko Zambianchi (“Primeiros erros”), Lulu Santos (“Lua de mel”), Stevie Wonder (“I just called to say I love you”), Spandau Ballet (“True”).
Não quero me tornar um alienado, pois ignorância não traz felicidade, mas há momentos em que precisamos abstrair. Nosso país está mudando porque as pessoas procuram ficar mais informadas, a internet acabou com o monopólio sobre a informação – e isso é bom. O problema é que ou somos massacrados pela avalanche de breaking news, as infinitas análises e debates, ou nos estressamos por ter que filtrar o tsunami de “notícias” que transformam a Web numa verdadeira arena de ódio. O ser humano tem a capacidade de deturpar qualquer boa ideia, como é o caso da internet, e um dos resultados é a maldita “pós-verdade” dos sites e páginas ditos “jornalísticos”.
E isso é triste porque envenena a timeline daquele que é o principal ponto de encontro virtual das pessoas nos dias atuais: o Facebook. Já perdi a conta das pessoas que deixei de seguir por conta desse radicalismo político que lembra o fanatismo religioso. Tanta gente legal, com postagens interessantes, mas que se tornam insuportáveis por ver apenas um lado da história: aquele que lhe convém. E que por conta disso deixam de compartilhar coisas tão legais. Música, principalmente, porque música é uma das melhores coisas desse mundo, e que praticamente desapareceu das redes sociais.
Por isso, hoje vou exercitar o meu lado Bela Gil e aconselhar em alto e bom som: AH MIGO LEITOR E AH MIGA LEITORA, VOCÊS PODEM TROCAR O NOTICIÁRIO POLÍTICO POR MÚSICA. Boa música. Música alegre, que deixa as pessoas felizes, o dia mais leve, que faz o coração bater mais forte pela razão do seu afeto, que traz boas lembranças, dá vontade de dançar, cantar no chuveiro, abraçar as pessoas. E compartilhar com os amigos e amigas.
Sabe aquele link de um site obscuro sobre uma “notícia” ou teoria da conspiração que ninguém mais publicou? Você pode trocar pelo videoclipe de “We’re from Barcelona”, do I’m From Barcelona. São 27 suecos cantando a música mais feliz já criada (“Nós traremos amor para você / E você será um de nós quando a noite chegar”), com um “lalala” simplesmente irresistível. Em seguida, pode aproveitar e compartilhar “It’s oh so quiet”, da Björk, regravação de um antigo jazz e que ganhou clima de musical da Broadway nas mãos do diretor Spike Jonze. Ou aprender a curtir a vida com o Supergrass em “Alright”.
Mas ainda tem mais. Há os beberrões irlandeses do Pogues curtindo a vida adoidado em “Fiesta”, o ABBA com a imortal “Dancing Queen”. Você pode se soltar com o Village People, que legou para a humanidade maravilhas dançantes como “YMCA”, “Macho Man”, “In the Navy” e “Go West”. Esta, inclusive, foi regravada numa versão ainda mais dançante e épica pelos Pet Shop Boys, de quem podemos compartilhar “So hard”, “Being boring”…
Essa lista é só um pequeno exemplo de como nosso dia tem tudo para ser mais alegre, leve, menos estressante. Basta querermos. Foi o que ouvi durante a manhã enquanto escrevia essa coluna. As opções, ah migo leitor e ah miga leitora, são virtualmente infinitas.
Ouça mais música. E compartilhe com os amigos.
Vida longa e próspera. E obrigado pelos peixes.