Oi, gente.
As férias da temporada 2016 foram marcadas por incontáveis trocas de fralda de Antônio, o Primeiro de Seu Nome, sem contar as noites dormidas em parcelas a perder de vista. Ser pai é parecido com uma maratona que nunca tem fim, mas a gente gosta. E sempre sobra um tempo (27 minutos aqui, uns 49 ali, duas horas com aquela sorte) para colocar a leitura e os seriados em dia, e assim “matamos” alguns seriados e parte das HQs que estavam na pilha e futuramente passarão para as mãos e olhos do herdeiro.
Começando pela série do Gavião Arqueiro, uma das preferidas da casa. O segundo encadernado, “Pequenos acertos”, mostra nosso herói ainda enroscado com os mafiosos russos de agasalho esportivo, uma ruiva tentação, suas três ex-namoradas/esposas e a morte de um personagem querido. Ah, e ainda temos a arte sensacional de David Aja, que segue com suas experimentações – incluindo a célebre história contada do ponto de vista de Sortudo, o cachorro carismático de Clint Barton. “Heróis locais”, quinto volume de “Astro City”, tem como protagonistas gente comum, cujos dramas pessoais acabam se confundindo com as batalhas cotidianas dos superseres de Astro City e arredores, mesmo que os vigilantes sequer percebam isso. O trabalho de Kurt Busiek (roteiro) e Brent Anderson (arte) é do tipo que você precisa compartilhar com o mundo, porque é bom demais de conta.
Outra coisa que é muito boa, mas muito legal mesmo, do tipo fofolete, é a série da nova Miss Marvel, Kamala Khan. São histórias leves, divertidas, com aquela pegada adolescente que dá gosto, pois não trata o leitor – adolescente ou não – como idiota. É impagável ler “Questões mil”, o segundo encadernado com a heroína, quando ela encontra com o Wolverine a passa a tietar o mais invocado dos X-Men, para o qual chegou a escrever uma fanfic. Ou o encontro da personagem com Dentinho, o cachorro teleportador dos Inumanos, que ela leva para casa como bichinho de estimação. E a arte de Adrian Alphona é cheia de detalhes e referências pop engraçadinhas e fofinhas. Não tem como não ser fã dessa nova Miss Marvel.
Por outro lado, quem gosta de quadrinhos mais adultos deve ler ainda hoje o terceiro volume do Justiceiro escrito por Jason Aaron para o selo Max, da Marvel, em que os autores podem criar histórias para leitores adultos. “Frank” mostra o Justiceiro preso na Ilha Ryker, arrebentado após sua luta com o Mercenário, cercado por todos os criminosos que não matou – mas que foram presos e não estão nada felizes com isso. Aaron ainda aproveita para reimaginar a origem do personagem, numa versão muito mais amarga que a original. E Steve Dillon, de “Preacher”, parece que nasceu para desenhar o personagem. Ninguém, absolutamente ninguém, consegue fazer um Frank Castle melhor que o dele.
Mais uma revista que vale todos os centavos pagos é a fase da Patrulha do Destino escrita por Grant Morrison. O escocês continua com suas viagens lisérigcas no mais novo volume da republicação, “Rua Paraíso Abaixo”. Os heróis mais estranhos da DC se deparam com Danny, a rua travesti que pode se teleportar, e precisam enfrentar as forças da normalidade, que planejam erradicar toda forma excentricidade, anomalias e peculiaridades do mundo. Para encerrar, o supergurpo ainda é levado para uma infinita e irracional guerra alienígena.
E ainda temos o segundo volume de “Authority”, que encerra a passagem de Warren Ellis pelo clássico título da Wildstorm. Desenhado por Bryan Hitch, “Terror cósmico” mostra o Authority enfrentando Deus – ou algo que pode ser descrito assim -, que volta ao nosso planeta disposto a erradicar a humanidade e tomar a Terra para si. O encadernado apresenta ainda o início da fase de Mark Millar na série, em que o grupo de heróis precisa encarar centenas de super-humanos criados por um sujeito com criatividade e dinheiro suficientes para tentar conquistar o mundo e assim transformá-lo de acordo com a sua vontade. Os desenhos ficam por conta de outro artista favorito da casa, Frank Quitely.
Para o ah migo leitor ou ah miga leitora que estiver à procura do que ler nas férias, ficam as dicas.
Vida longa e próspera. E obrigado pelos peixes.