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R.E.M. in Rio (ou ‘Caipirinha é quase amor’)

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Oi, gente.

Sei que o Rock in Rio é passado, mas a danada da memória me fez lembrar da única vez que coloquei os pés na Cidade de Rock. Foi no dia 13 de janeiro de 2001, na terceira edição do festival, cercada de expectativas por ser o retorno à Barra da Tijuca após 16 anos, uma vez que o RiR2, em 1991, teve como palco o Maracanã. Lembro que havia uma histeria daquelas em relação ao Rock in Rio 3, muito parecida com o que ocorreu este ano – não se pode negar que o Medina sabe vender um festival que é musicalmente inferior ao Lollapalooza. Daí que em 2001 havia quem estivesse a fim de ir em qualquer dia, mesmo que fosse para aguentar Aaron Carter, Sandy & Junior ou o playback da Britney Spears, sem se esquecer dos que ainda acreditavam no Guns N’ Roses.

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Mas havia muita coisa boa também: Neil Young, Oasis, Sepultura, Silverchair, Red Hot Chili Peppers, Queens of The Stone Age e Deftones, entre outros, ou a oportunidade de tacar uma garrafa d’água no Carlinhos Brown se você tivesse ido no dia certo. Porém, quando anunciaram que o R.E.M. seria o headliner do terceiro dia do festival, tendo Beck Hansen e Foo Fighters como atrações secundárias, não havia dúvidas de que 13 de janeiro seria o “meu dia”. Três grandes shows de uma só vez, na quase insípida sopa musical em que se transformou o RiR, era coisa difícil de encontrar até mesmo naquela época.

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E daí que ainda tive a sorte de assistir ao incendiário show da Cássia Eller logo no ato da matrícula, Beck fazendo a alegria da galera alternativa e Foo Fighters entrando na lista das minhas bandas preferidas depois que Dave Grohl e seus comparsas fizeram – e bem – a sua parte. Faltava assistir, então, àquele que seria um dos melhores e inesquecíveis shows da minha vida.

O R.E.M. possui uma infinidade de clássicos, e ainda por cima demonstrava estar com fome de palco e a fim de fazer valer o dinheiro gasto por todo aquele mundão de gente que estava lá. Junto aos músicos que acompanhavam a banda, Mike Mills e Peter Buck mostraram a categoria de sempre, e Michael Stipe foi um show à parte: vocalista carismático, frontman de mão cheia, ele estava com o capeta no corpo naquele dia -, e podemos colocar na conta dessa animação as doses cavalares de caipirinha que ele andou consumindo no Rio de Janeiro.

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Desde a abertura, com “Finest worksong”, o R.E.M. foi enfileirando uma série de clássicos que passou por praticamente todas as fases da banda, indo aos primórdios do grupo e chegando às então inéditas do álbum “Reveal”, que seria lançado meses depois. “Fall on me”, “So. Central Rain”, “Man on the Moon”, “The lifting”, “The one I love”, “Losing my religion”, “Pop song 89”, “What’s the frequency, Kenneth?”, “The great beyond”, “At my most beautiful”, Daysleeper” e “Walk unafraid”, entre outras, fizeram parte de um dos mais perfeitos setlists que já pude conferir, e que ainda contava com a devastadora “Everybody hurts”. E o desfecho não poderia ser outro que não “It’s the end of the world (and I feel fine)”. A alegria de Michael Stipe era a mesma dos milhares de fãs que tiveram, enfim, a oportunidade de assistir ao primeiro show do grupo de Athens, Georgia, em nosso País Tropical.

Mesmo hoje, tantos anos depois, penso duas vezes (e desisto) antes de decidir voltar à Cidade do Rock, porque certas memórias não merecem ser substituídas. E se o Adam Lambert voltar em 2017, aí que não saio mesmo de casa.

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Vida longa e próspera. E obrigado pelos peixes.

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