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Fadiga virtual

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As redes sociais já foram mais divertidas. Havia certa ansiedade em abrir as páginas, procurar pelas mensagens deixadas pelos amigos e a alegria de ver as fotos e comentários virtuais. Era empolgante ter três, quatro abas de conversas abertas ao mesmo tempo, sem que soubéssemos a quem responderíamos primeiro. A cada sinal vermelho de novas notificações, o impulso quase infantil de querer saber do que se tratava, nos levava imediatamente a clicar. Vez ou outra, toda essa expectativa era frustrada por um anúncio indesejado, ou um recado que não era o que esperávamos.

Os vídeos pareciam mais engraçados. Curtos ou longos, os olhos não desgrudavam da tela até o final. A consequência seguinte era compartilhar com alguém que certamente riria da mesma forma e com quem fosse possível fazer comentários sobre as nossas impressões. Também nos apresentaram pegadinhas. Vá por mim, não queira saber sobre o acidente na terceira curva.

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De maneira geral, rolar as telas em busca de mais e mais informação, da sede eterna de ver e saber sobre coisas novas tem alimentado mais o cansaço do que o relaxamento. A cobrança por estar sempre ali, por responder assim que as demandas chegam, saturou a mente e o corpo.

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A ignorância se mostra cada vez mais latente também. Há uma pré-disposição a ataques e ofensas que é exaustiva. Temos ferramentas de busca avançadas que permitem saber sobre vários assuntos, mas ainda são muitos os que preferem permanecer no desconhecimento e, ao invés de atualizar o pensamento, preferem reafirmar que são dessa forma e não aceitam mudanças que são irremediáveis.
Particularmente, considero muito triste a afirmação: “sou assim e ponto, não mudo de opinião”. Geralmente, vem acompanhada de um argumento pouco convincente sobre algo que já devia ter sido superado há muito tempo.

As redes sociais estão nos deixando fatigados e rabugentos. Há discussões completamente incipientes e desnecessárias que minam a vontade de permanecer por muito tempo conectado. Irônico perceber que as plataformas, ao invés de favorecerem as relações, estejam fomentando as rupturas, nos forçando a encarar situações que, talvez, não teríamos acesso tão facilitado com o contato presencial.

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Tudo isso força a pensar em como as relações vão estar quando pudermos voltar a encontrar as pessoas de maneira segura. Como o que vemos nas redes sociais agora vão impactar o retorno às atividades presenciais? Qual será o olhar que vamos lançar para as pessoas? Vamos querer o reencontro, ou vamos manter o afastamento? É fundamental sempre ressaltar que o intuito não é demonizar as redes, mas reconhecer a importância e o potencial delas. Até porque, elas não só não vão deixar de existir, como também vão continuar modificando a nossa comunicação e a maneira como lidamos com o outro de alguma forma. Mas hoje, só hoje, era preciso tirar esse tempo para desabafar sobre o que incomoda.

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