Bem às vésperas do aniversário de Juiz de Fora, me deparei com uma página de rede social que se dedica a mostrar situações que representam o Brasil mais do que futebol e samba. Passei algumas imagens e, rapidamente, entendi que não seria tarefa difícil apontar alguns exemplos. Mas também percebi que era preciso ter um olhar mais demorado sobre as miudezas do cotidiano para entender o quanto esse recorte pode ser aprofundado. A título de curiosidade, um dos itens citados é um prato de vidro amarronzado, que ainda faz parte da rotina de muita gente, encontrado com facilidade não apenas nas residências, mas também em restaurantes. Em um país de dimensões continentais, além dos gigantes futebol e samba, outras muitas manifestações parecem representar com propriedade a alma do país, ou ainda mais.
Bom bairrista que sou, ao invés de me deter ao que há de mais representativo que futebol e samba no país, pensei no que representa mais Juiz de Fora inspirado ainda por seu aniversário, mesmo que a Princesa de Minas tenha soprado velas há alguns dias. O cheiro de pipoca típico da Rua Halfeld, agora é o perfume oficial de outras vias também. O do queijinho, produto muito nosso também, foi junto, casamento perfeito, convenhamos. A nova moda de ter uma farmácia em cada esquina no Centro também parece algo a se prestar atenção. O hábito de falar “não tem nada para fazer em Juiz de Fora” e ignorar a infinidade de programas possíveis também é a cara de muita gente. Preguiça, pura preguiça. Não é preciso mais do que uma consulta à Tribuna de Minas para saber de um monte de coisas – fica aqui o puxão de orelhas e a dica.
Há também o hábito de reclamar de tudo e não contribuir com muito. Repare nas conversas entre amigos, familiares, ou conhecidos, sempre há algo a reclamar. “Como o Centro da cidade está sujo!”, e, durante a conversa, a mesma pessoa descarta um papel de qualquer coisa no chão, sem a menor cerimônia. Aliás, contradições como essa são o que temos de mais nosso. Parado na esquina da Rua Batista de Oliveira com a São João vejo que um lado da via homenageia o santo e mártir católico, já o outro, faz menção ao Barão de São João Nepomuceno, advogado e cafeicultor. Informações que não influenciam em nada a vida de quem passa pelo cruzamento diariamente, mas que, no fundo, parecem contar um pouco sobre quem somos. Para não dizer que não falei das onças, entre outras inúmeras possibilidades, hei de citar, por último, o mais querido mascote da cidade dos últimos tempos. Coitadas das capivaras, que antes atraíam todas as atenções. Deixaram o protagonismo de uma hora para outra, para se tornarem jantar da amiga onça.