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Volte para o fim da fila

Fila

(foto: Pixabay)

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Hoje, eu poderia facilmente fazer uma lista sobre as coisas que fazem falta. Boa parte delas, agora, ficam da porta para fora. Haveria muitos itens. Bater perna pelo Centro; reencontrar o amigo que corta o meu cabelo e apara a barba, que já soma mais de quatro dedos; poder marcar um encontro com os amigos em qualquer mesa de bar; visitar pessoas tão queridas, com as quais só consigo ter contato mediado por telas e linhas telefônicas. Assim como ocorre a todo mundo que procura respeitar a regra de ficar em casa, a liberdade de poder fazer o que der na telha, sem estar acompanhado pela ameaça de um vírus que não conseguimos ver, me desperta uma saudade dolorida.

Por outro lado, tenho que confessar que há coisas das quais eu não sinto a menor saudade. Talvez, a mais forte seja andar de ônibus. Não ter que fazer longos e cansativos deslocamentos, sempre com a possibilidade de lotação e estresse, me deixa muito grato. Sinto muita vontade de passear. Mas me causa muita aflição quando vejo os ônibus do bairro chegando cheios, como se não houvesse uma pandemia em curso.
Também não sinto falta das filas. Mas continuo sendo obrigado a passar por elas. Eu já entendi que essa é a sina de quem nasce no Brasil. A burocracia e o prazer de ver o amontoado de gente em pé não vão deixar que nossa vida se descomplique nunca.

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Nessa semana, descobri que pior do que fila física, é fila digital. Quando você baixa aplicativos, especialmente os que envolvem transações bancárias, a expectativa é, justamente, a de fugir de filas. Mas não é o que acontece. Passei mais de 6h30 em filas virtuais. Eu juro. E o pior é a sensação de que foi tudo em vão. Porque quando surge o sinal de que está na sua vez, a sessão expira. “Volte para o fim da fila”. Mais 2h30 de espera a enfrentar. Isso sem contar que a fila é só para ‘entrar’ no aplicativo. Não há Black Mirror que dê conta de uma frustração como essa.

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Depois de muito tempo insistindo com a tal fila digital e tentando todos os atendimentos em 0800 possíveis e imagináveis, percebo que não tem jeito: tudo só seria solucionado com a ida a uma agência. Visto a máscara, saco o álcool em gel e vou encarar o problema de frente. Dito e feito. Depois de mais de 50 minutos de espera, em cinco minutos de operação presencial, o problema estava resolvido.

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