O rompimento da barragem de rejeitos da mineradora Samarco, considerado o maior desastre ambiental do país, não é o único responsável pelo mar de lama no qual mergulhou o Brasil. Desde que a operação “Lava jato” ganhou contornos midiáticos, a sujeira que todos os dias é despejada diante de nós, brasileiros estupefatos, parece não ter fim. A prisão de Delcídio do Amaral, liderança do Governo no Senado, é mais um capítulo da sujeira que escorre através de homens que não nos representam enquanto nação. Blindados em toda a história da República, os atuais políticos não sabem como lidar com os frequentes vazamentos que têm ajudado a fazer cair suas máscaras. Mostrar a própria face, alias, é uma prática com a qual, penso eu, estão pouco acostumados.
Além dos políticos, me pergunto como devemos chamar alguns empresários que, teoricamente, fazem a roda da economia girar, mas sugam as riquezas naturais do Brasil indiferentes a uma legislação ambiental que não é capaz de alcançar os mais ricos? Fantasiados de bons samaritanos, muitos vendilhões do templo exploram a mão de obra barata e pouco especializada em prol de interesses escusos, embora fantasiem seus negócios com temáticas pomposas, como sustentabilidade, ou projetos sociais bonitos de “vender”, mas pouco resolutivos.
Em um tempo em que ninguém parece ser o que diz que é, eu me questiono onde esse tsunami barrento vai nos levar. Porque se a memória não me falha, outros desastres ambientais e políticos já varreram o Brasil no passado recente, mas pouco foi feito para que não se repetissem. É como se, a cada novo escândalo, a gente esquecesse o anterior e assim fôssemos tocando o barco. Diante do naufrágio iminente, porém, é hora de pensarmos se vamos continuar com a velha prática do salve-se quem puder ou se, finalmente, aprenderemos a nos mobilizar para salvarmos todos. Quando entendermos que o Brasil somos “nós” e não “eles”, conseguiremos tirar o pé da lama e fazer deste um país com espaço para o seu povo.