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Que país é esse II?

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Se estivesse vivo, Renato Russo, o compositor de um dos grandes hinos de protesto contra a corrupção no Brasil, teria material de sobra para escrever versos improváveis até mesmo para a cabeça de um gênio da música como ele. O mau cheiro exalado pela classe política e empresarial brasileiras impregna as nossas narinas, e a lama escura que sai de Brasília mancha para sempre a nação verde-amarela que tem se enfrentado por líderes que jamais honraram o país que representam.
Se no passado a sociedade civil se mobilizava pela anistia política dos que lutaram pelo retorno da democracia, hoje a maior parte das lideranças partidárias discute a anistia aos crimes de caixa 2, revelando o baita empobrecimento ideológico de um país sem ideais coletivos. A mobilização das legendas na Câmara dos Deputados, a fim de livrar a própria pele, deixa claro o esforço dos parlamentares para transformar em natimorta qualquer tipo de medida de combate a corrupção. O exemplo de impunidade que somos para o mundo mina o pouco respeito ao esfarrapado país do futebol, cujos cartolas extrapolam os campos e os cargos pomposos da CBF e se multiplicam como pragas no Judiciário, Legislativo e Executivo.
Ao querer passar uma borracha no ontem e fazer com que parte das medidas do pacote anticorrupção só valham daqui pra frente, o Congresso passa recibo na cara de milhões de brasileiros que não apitam nada, apenas engolem a seco os desmandos dos que fazem da imunidade financeira ou política um escudo para seus golpes.    Chegamos ao ápice de uma crise ética, moral e econômica que massacra os pobres, castiga os médios e premia uma minoria rica que mina toda a capacidade de desenvolvimento de um país.
Os novos sanguessugas tem nome de gente famosa e ocupam o noticiário nacional. Estão presos aos nossos corpos há décadas e precisam cada vez mais do nosso sangue para sobreviver. Se continuarmos a alimentá-los com a nossa inércia estaremos nos comportando como o gado que segue para o abate. É hora de acordar e agir!

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