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Ubuntu

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Crianças de uma tribo africana estavam sendo observadas por um antropólogo que visitava a região. Curioso com a forma de elas se relacionarem, ele propôs um desafio. Colocaria um cesto com doces e balas embaixo de um baobá, árvore símbolo daquele povo. Quem chegasse primeiro teria o direito de ficar com tudo.

As crianças se posicionaram, esperando o sinal da largada. Quando o visitante anunciou que era hora da disputa, os pequenos deram-se às mãos e correram um ao lado do outro, alinhados, prosseguindo juntos até o baobá.
Confuso, o antropólogo não entendeu o motivo da euforia daqueles meninos que dançavam e se abraçavam ao redor do cesto comemorando a travessia sem vencedores. Olhou para o homem mais velho da tribo, esperando uma resposta.
– Ubuntu, disse o sábio.
– Do que se trata, questionou o pesquisador que nunca tinha ouvido falar sobre essa palavra.
Paciente, o líder da tribo explicou:
– Como uma de nossas crianças poderia sentir-se feliz ao ganhar, sozinha, o cesto, se todas as outras ficariam tristes? Ubuntu é a nossa forma de viver. Apesar de sua individualidade, o homem só se torna alguém ao reconhecer a existência do outro, quando entende que o que faz afeta o outro e vice-versa. Aqui não existe eu. Na nossa casa, somos todos nós.
A simplicidade da filosofia africana mexeu com a complexidade do pensamento do estudioso. Como naquele lugar de costumes tão primitivos poderia haver tamanha compreensão do significado da vida em sociedade?
Olhando para essa história é impossível não pensar em como nós, os homens da modernidade, conseguimos ser tão indiferentes aos sentimentos capazes de nos fazer felizes. Sem tempo para refletir sobre a existência, estamos nos desumanizando. Ao contrário das crianças da tribo, corremos separados, solitários, desejando chegar primeiro, nem que para isso a gente abra mão do que realmente importa: a convivência com os filhos, a família, os amigos, a construção de momentos especiais ao lado de quem se ama.
Em uma recente campanha publicitária, pesquisadoras perguntaram a várias crianças o que elas desejavam ser. A resposta de uma delas surpreendeu:
– Um celular.
– Como assim?, questionou a profissional.
– Se eu fosse um, tenho certeza que meus pais prestariam atenção em mim, desabafou a menina.
De fato, a gente complica tudo. Que neste domingo seja diferente. Ubuntu!

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