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O primeiro Dia das Mães de Zélia Landim

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Conheci Zélia Maria Landim na década de 1990, quando ela era apenas uma sombra de si mesma no hospital psiquiátrico em que era mantida em Juiz de Fora. Lá, a mulher sem passado teimava em ser. Escrevia suas lembranças em um caderno, tudo o que tinha conseguido em uma vida. Nas folhas de papel, três nomes apareciam com frequência: Bárbara, Altamir e Adair Júnior. A paciente, que passou mais de três décadas vagando por manicômios, insistia que tinha parido três filhos, embora não soubesse o paradeiro de nenhum.

O tempo passava e o vazio aumentava dentro dela. A imagem dos filhos pequenos – distribuídos por parentes do marido quando ela ficou viúva em Barra Mansa (RJ) -, ia se apagando da sua mente confusa. Mas o amor que sentia por eles jamais desapareceu. Zélia, aliás, só sobreviveu às décadas de institucionalização porque nutria a esperança de um dia encontrar as crianças que ela não viu crescer.

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Quando os hospitais deixaram de ser moradia na cidade, Zélia passou a viver em residências terapêuticas a partir de 2011. O tratamento em liberdade deu a ela dignidade e força para lutar pelo direito de exercer sua maternidade. Foram 38 anos de espera até que Júnior, o filho caçula de quem ela foi afastada quando ele tinha apenas seis meses, a encontrou com a ajuda do psicólogo Ricardo Sabino, que sempre acreditou na história da paciente.

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Foi na Páscoa do ano passado que ela pôde abraçar seu menino. Mas faltavam os outros filhos para que estivesse completa, pela primeira vez, em 66 anos de vida. Até que em 7 de setembro de 2018, ela realizou seu sonho. Os três bebês que Zélia não pôde criar, Altair, Bárbara e Adair – agora mulher e homens feitos -, vieram juntos à Juiz de Fora para conhecer a mãe. Estavam dispostos a compreender o passado, perdoar o destino e cuidar uns dos outros.

Hoje, neste segundo domingo de maio de 2019, Zélia, finalmente, vai comemorar seu primeiro Dia das Mães. Mais do que isso. Vai arrumar sua mala, pois está de partida da cidade para viver em uma casa de acolhimento em Minduri, referência de atendimento no Sul de Minas, onde ela ficará bem próxima da casa dos filhos.

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Apaixonado pelas plantas, Adair acredita que ele, a mãe e os dois irmãos serão, um dia, como a sequóia gigante, uma das maiores árvores do planeta. Segundo ele, a semente do amor já foi plantada e agora encontrou solo fértil para crescer no desejo profundo de que os quatro sejam mais do que mãe e filhos. O sonho deles é que se tornem uma família.

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