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Quando o filho é dos outros, a gente precisa se importar

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No final de abril, eu contei a história de dois alunos do ensino médio de uma escola particular da cidade que foram verbalmente agredidos nas redes sociais pelos pais de seus colegas após apresentarem um poema na feira literária do colégio. Na ocasião, uma aluna de 15 anos falou sobre o feminicídio e os desafios de ser mulher em uma sociedade marcada pelo machismo e pelo preconceito. Ela e o estudante que a acompanhava no evento foram filmados por uma menina que debochou da performance da jovem e ainda a ofendeu com um palavrão. Depois disso, o vídeo acabou “caindo” nas redes sociais, viralizando em grupos de WhatSapp organizados por adultos que dizem defender a família.

Quem compartilhou e ridicularizou os alunos, ignorou solenemente o fato de tratar-se de menores de idade nas imagens, portanto, sujeitos à proteção do Estatuto da Criança e do Adolescente. Aliás, os dois estudantes, foram criminalizados, injuriados, ofendidos. Perderam sua condição infanto-juvenil ao serem considerados merecedores de um linchamento moral simplesmente porque emitiram sua opinião sobre a sociedade e a política de seu país. Foram esculachados por terem o que se espera de qualquer jovem: senso crítico.

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Indignados com o tratamento e a exposição de seus filhos, os pais das vítimas procuraram o Ministério Público e, felizmente, encontraram o acolhimento que mereciam. O juiz da Vara da Infância e Juventude, Ricardo Rodrigues de Lima, concedeu tutela antecipada e determinou, no último dia 30 de maio, que os administradores do Facebook e Instagran, bem como os coordenadores das páginas responsáveis pela divulgação do conteúdo retirassem em 24 horas todos os vídeos que contenham imagens dos dois adolescentes sob pena de multa diária de R$ 1.000.

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O fato é que, quando o filho é dos outros, a gente deve se importar sim e enxergá-los como se fossem nossos, afinal, devemos fazer por eles o mesmo que gostaríamos que fosse feito por quem amamos. Ainda dá tempo de intolerantes aprenderem a exercer o mínimo de empatia. Até onde você iria para defender um filho? Certamente até onde esses pais foram quando buscaram a Justiça para tentar reparar a dor causada aos filhos de 15 anos. Felizmente, ainda vivemos em uma democracia e nela o que se espera é que prevaleça o estado de direito..

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