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2018: um ano sem data para terminar

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Acho que é a primeira vez que acompanho uma campanha eleitoral com uma sensação de angústia por ver a democracia brasileira tão ameaçada por radicalismos da ultra direita e também da esquerda que usa de artimanhas para não perder o poder. Se antes eu tinha esperança de mudança, preciso dizer que, neste momento, não acredito em nenhuma. O jogo da política nunca foi tão perverso, porque ele está sendo jogado pelo que há de pior em candidatos a um cargo público: o interesse próprio. E o Brasil? Infelizmente é só um pano de fundo em meio a disputa de poderes que racham um país ao meio em nome de ideologias alimentadas pelo ódio, de um lado, e pelo revanchismo, de outro.

Interessante notar como a história é cíclica e como, via de regra, aprendemos pouco com ela. E Jair Bolsonaro (PSL) está aí para mostrar isso. Com mote ultraconservador, ele encarna o que uma considerável parcela do eleitorado deseja: o fim das liberdades e uma pretensa moralidade que existe só no discurso, afinal, que moral há em um homem que chama mulheres de vagabundas, que incita o ódio às minorias, que empurra, ofende e tenta calar jornalistas nos corredores do Congresso Nacional? Que exemplo há em quem defende a família, mas diz que algumas mulheres não merecem ser estupradas por ele? Difícil entender alguém que prega o fim da violência defendendo o uso de mais violência ainda e que acredita na força e na intimidação por ser incapaz de sustentar um diálogo. O lamentável e injustificável esfaqueamento de Bolsonaro catapultou o líder popular à condição de mito nada original, pois retoma o lema do movimento integralista de 1932 – Deus, Pátria e Família -, para derrubar a “ameaça” comunista. Tudo bem parecido com a Marcha da Família com Deus pela Liberdade que apoiou o Golpe de 1964.

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Já Fernando Haddad (PT) cresce à sombra de Lula. É o candidato marionete de um partido que realizou mudanças, mas que insiste em negar seus equívocos, tentando apagar todo um rastro de corrupção que assola um país vilipendiado desde a colonização portuguesa. Nunca a sentença de Sartre para a humanidade fez tanto sentido, afinal o inferno são os outros. Existem ainda outros nomes, vocês poderão dizer, afinal sempre há opção. Mas candidatos com campanhas sujas enfraquecem o exercício de cidadania pelo voto. Parece que 2018 é um ano sem data para terminar.

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