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A escola pública não é igual para todos

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“A escola pública não é pública, porque não é igual para todos”, disse-me Miguel Arroyo, professor emérito da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), ao comentar a Radiografia da Educação Mineira, uma reportagem que realizei anos atrás após percorrer, a convite do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE) de Minas Gerais, mais de quatro mil quilômetros em todo o estado na busca de um diagnóstico sobre a rede pública de ensino.

O levantamento, traçado a partir de dados obtidos no coração das escolas, foi revelador. Enquanto no Norte de Minas havia salas de aula sem paredes, improvisadas em pátios de recreio e anexas às cantinas, no Centro-Oeste, instituições que integravam a mesma rede de ensino exibiam paredes azulejadas e até sala de cinema. E as diferenças não paravam aí. Naquela região, estudantes que participavam de projetos, como o da escola em tempo integral, alcançaram o direito de estudar em espaços mais bonitos e iluminados e de receber merenda diferenciada em relação a outros da mesma escola. Já no Sul de Minas, adolescentes do ensino médio assistiam aulas em construção nova e arejada, enquanto outros, do ensino fundamental, estudavam dentro de galpão batizado de “paiol” pelos próprios alunos.

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“É surpreendente pensarmos que estamos falando do estado com o segundo maior PIB do país e que tem um sistema educacional bem situado em relação ao acesso educacional e desempenho dos alunos. Porém, longe das estatísticas educacionais e dos grandes números, a radiografia da educação mineira parece remeter às regiões mais pobres do Brasil”, analisou, à época, o doutor em Sociologia Eduardo Magrone.

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O tempo passou, mas a realidade continua a impressionar. Embora os fatores determinantes no processo de aprendizagem dos estudantes sejam a gestão escolar, a capacitação e valorização dos professores, a permanência do aluno e o envolvimento familiar, as condições físicas das escolas afetam de maneira muito significativa o rendimento do estudante, comprometendo o envolvimento deles com o próprio ambiente escolar.

Recentemente, visitei uma escola estadual de Juiz de Fora para conhecer o projeto desenvolvido junto à comunidade escolar. Encontrei um prédio descascado, sem janela na maioria das salas que eram separadas por paredes feitas de papelão. O aspecto de abandono repercutia na vida escolar do aluno, alimentando a apatia dos professores. De uma turma de 26 alunos matriculados no segundo ano do ensino médio, só quatro continuam assistindo as aulas sete meses após o início do ano letivo.

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Por trás dos muros escolares há uma política educacional que continuará sendo colocada em xeque se a reprodução das desigualdades se mantiver dentro do cenário escolar. Privar os alunos do mínimo é privá-los de aprender.

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