Entre os dias 09 e 13 de maio, o CES JF realizou a sua décima primeira Semana da Comunicação. O tema: 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Nas palestras, mesas de debate e oficinas, muita discussão sobre como a comunicação está trabalhando com temas como diversidade, representatividade, direito à educação, à vida, entre outros. Tive a honra de mediar uma dessas mesas, com a participação dos publicitários Vítor Resende e Dalmo Dal Bianco, que abordou a temática dos direitos humanos na criação publicitária e no branding. Foi uma verdadeira aula teórico-prática de como as marcas, hoje, precisam ter uma postura que condiz com seu discurso publicitário. Deu um orgulho danado de ver como um ex-aluno está fazendo história à frente da marca Lolja.
Essa história de Direitos Humanos me faz lembrar de um amigo de Caxambu, capital do Sul de Minas. Era radicalmente contra a “turma” dos Direitos Humanos e gostava de compartilhar um discurso raso e raivoso de que bandido bom é bandido morto. Numa tarde qualquer, em mais uma discussão calorosa, deram para ele uma cópia da Declaração. Ele nunca tinha lido. Parou no artigo 1º, pediu desculpas e foi para a casa apagar alguns posts e desfazer algumas amizades virtuais.
O consumidor, hoje, vem exigindo das marcas e empresas mais postura, mais opinião sobre questões relevantes para a sociedade. Toda empresa atual, mais cedo ou mais tarde, vai precisar se posicionar sobre assuntos que ainda são polêmicos. O absurdo é pensar que questões como respeito à diversidade, à liberdade de escolha e pensamento ainda sejam questões polêmicas, mas o fato é que ainda vivemos numa sociedade de maioria conservadora, o que faz algumas marcas patinarem entre discurso e prática.
E esse é um erro fatal. Na era do prosumor (produtor e consumidor de conteúdo), qualquer discurso oficial falso é trucidado nas redes sociais, gerando crises complexas para a marca, que tiram o sono dos profissionais de marketing e assessoria de comunicação. Até a fantástica ação de endomarketing da Coca-Cola para o Dia Internacional do Orgulho LGBT, que transformou uma piada homofóbica (essa Coca é Fanta) em marketing e orgulho para funcionários, recebeu críticas nas redes sociais, pois essa diversidade divulgada não foi percebida no perfil dos colaboradores da fábrica. Exageros à parte, pois está claro que não se trata apenas de um discurso moderno da Coca-Cola, todo cuidado é pouco quando se assume um posicionamento. Se ele não tem correspondência na prática, no dia a dia da empresa, em pouco tempo a máscara cai e o dano é irreparável.
Voltando para a Semana de Comunicação do CES JF, e para a mesa de debates que participei, vale a pena ver o que a Lolja, a marca de camisetas mais formidável da internet, como eles se autodenominam, está fazendo. Suas estampas, comunicação e discurso estão alinhados com o que acreditam e, principalmente, praticam. É possível ver ali, no dia a dia, toda a diversidade e representatividade que algumas marcas apenas discursam sobre. Como disse Vítor Resende, a relação das empresas e marcas com a sociedade mudou, não se trata mais apenas de negócios e quem não perceber isso, vai perder o novo bonde da economia, que vem abalando a estrutura do capitalismo como conhecemos. Quer um conselho: comece lendo o que a turma dos direitos humanos tanto defende.
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