Nas aventuras de bike que rendiam um joelho ralado era bastante frequente ouvir dos nossos pais ou amigos.
A busca por este falso padrão ideal masculino reprime o homem de externar seus sentimentos e reconhecer suas fraquezas, gerando danos muitas vezes irreversíveis no futuro. A falta de atenção com a saúde é um deles. Já parou para pensar que as mulheres desde nova são incentivadas pelos pais a dedicar atenção à saúde e logo substituem o pediatra pelo ginecologista? Seja com o objetivo de preparar seu corpo para a gravidez ou não.
Nos homens, a orientação sobre o tema muitas vezes ocorre de forma diferente, dedicar atenção à saúde e reconhecer suas fraquezas pode ferir sua força e resistência, o que contribui para que grande parte dos homens descubram problemas de saúde em estágios mais avançados.
Para falar um pouco sobre o comportamento do homem e sua relação com a saúde, procurei o médico psiquiatra Helio Fádel, especialista em Psiquiatria do Esporte, com vasta experiência em trabalhos realizados com o público masculino. Segundo o médico, no campo da saúde mental esse distanciamento parece ainda maior. A implicação de sofrimento psíquico (não necessariamente doença ou transtorno mental propriamente ditos) remete a um entendimento de grande vulnerabilidade e inferioridade por parte do homem. Isso inclui a negação do quadro, com pensamentos do tipo: “isso não pode estar acontecendo comigo”, “eu nunca tive isso, não vai ser agora”, “isso é coisa da minha cabeça, não é nada”, e a busca por saídas nocivas à própria saúde – como isolamento social, alcoolismo e uso de drogas. Infelizmente, a sociedade ainda potencializa esse panorama, pois existe sim, estigma em relação às condições mentais de saúde. O ser humano tende a temer aquilo que não é palpável, como uma depressão ou transtorno de pânico, por exemplo. Cabe a nós, elucidarmos e trabalharmos em prol do fim desse preconceito, não apenas pensando na saúde do homem, mas por toda a população que sofre calada e na solidão. Seja por medo, incerteza ou vergonha de pedir ajuda”, explica Dr. Fádel.
Já para o urologista Dr. Luiz Rogério, se os homens não dedicam muita atenção aos cuidados com a saúde, quando o assunto vem repleto de preconceitos como no caso do exame de próstata então, nem se fala. Segundo o médico, o “temido” exame do toque retal é imprescindível para o diagnóstico precoce do câncer de próstata, assim como para a avaliação de outras patologias prostáticas. De acordo com achados da literatura, o PSA (exame laboratorial realizado na investigação) pode manter-se inalterado em cerca de 15% dos tumores de próstata, sendo esse percentual detectado apenas pelo toque” explica Dr. Luiz Rogério. O câncer de próstata possui uma taxa de cura próxima a 100% quando detectado precocemente, portanto, quebrar esse “tabu” em relação ao exame e ao fato do homem procurar ajuda é essencial para um aumento na sobrevida destes pacientes. “Hoje em dia, dispomos de diversas modalidades para o tratamento dessa doença, que vai do menos invasivo, como a vigilância ativa (acompanhamento periódico com exames), até o mais avançado, como a cirurgia robótica. Portanto, o homem que adere à prevenção de modo integral e despido de preconceitos, apresenta um ganho muito importante com relação à sua saúde” orienta o profissional. Por isso meus amigos, é importante derrubar barreiras e abrir espaço para um diálogo aberto e esclarecedor entre os homens. É exatamente esse o propósito dessa Coluna. #ConversadeHomem
Ficha técnica:
Clínica: Saúde.Rh
Estr. Eng. Gentil Forn, 1805 – Morro do cristo – 32 3231-6004
Dr. Helio Fádel – Médico Psiquiatra
Dr. Luiz Rogério Araújo – Médico Urologista
Revisão: Thaíza Almeida
Edição: Maíra Andrade
Fotos: Studio Photo Aluízio 32 3215-0260