Atualmente, tenho observado as empresas com outro olhar, com a visão de que estas são organismos vivos, têm alma e personalidade própria e tendem a evoluir. Esse olhar vem facilitando bastante a compreensão de alguns comportamentos adotados pelos responsáveis pelos negócios, bem como o desempenho e o êxito de alguns empreendimentos. Assim fica mais fácil perceber, por exemplo, que o sucesso de uma empresa depende de um funcionamento afinado e de uma relação quase simbiótica de suas áreas, pois ainda que cada pessoa, área ou setor tenha objetivos distintos, o conjunto de seus esforços, ações e atividades é que determinará o resultado.
Isso, por vezes, explica resultados tão variados da aplicação de técnicas iguais em empresas diferentes, reforçando a ideia de que estas são sistemas vivos, diferentemente de máquinas e equipamentos. Ou seja, têm a capacidade de se transformar. Não são apenas amontoados de partes e peças estruturadas, mas se desenvolvem constantemente, se transformando e alterando o ambiente onde se encontram. Por esta razão posso afirmar que uma empresa nunca está pronta. Ao contrário, ela compõe um grande ecossistema totalmente interligado e em movimento constante e frenético. Dessa forma, o papel do líder do negócio vem sendo muito mais o de compreender as mudanças que já estão ocorrendo e as que ocorrerão em breve, para alcançar a sustentabilidade que resultará em sua sobrevivência no longo prazo.
Antes disso, porém, precisamos compreender três pontos essenciais:
1 – Nossas empresas são interdependentes: nessa visão de ecossistema de negócios, as empresas precisam se ver como parte de um todo, ou seja, entender o cenário mais amplo. Isso é muito mais importante que compreender a complexidade do meio em que a empresa atua e compete diretamente, pois permite posicionar-se da forma mais adequada para a sobrevivência no longo prazo.
2 – Nossas empresas precisam atuar em parceria: os desafios de sobreviver são enormes e manter o negócio em funcionamento é o principal deles. Nesse contexto de mudanças constantes, as parcerias se tornam fundamentais, pois, à medida que estas parcerias se processam e evoluem, cada empresa passa a entender melhor as necessidades das outras, o que possibilita aprender e evoluir conjuntamente. Não existe forma de viver sozinho e a parceria com fornecedores – e até mesmo concorrentes – pode ser bastante significativa no processo de evolução.
3 – Nossas empresas precisam atuar de forma autônoma: a autonomia e o cumprimento de seu papel são fatores de estabilidade e equilíbrio para uma empresa. A autonomia é que determina a liberdade que a empresa tem para gerir livremente suas atividades, efetuando racionalmente as suas escolhas. Tal comportamento garante a evolução e o desenvolvimento de novas práticas que, por vezes, serão utilizadas por outros.
Concluindo, a compreensão clara e ampla do ecossistema em que uma determinada empresa se insere – que se interliga a outros ecossistemas que formam o macro ambiente – é o que permite ao empreendedor olhar sua empresa e orientar suas ações e atividades, buscando o caminho mais adequado e fiel aos seus interesses, seguindo a essência do seu negócio. Na prática, essa avaliação permitirá ao empresário criar e executar projetos e planos que permitirão a existência no longo prazo.
Não se afaste ou se isole de parceiros concorrentes e fornecedores! Utilize da melhor forma os recursos disponíveis e entenda que muitas vezes esses recursos são as informações e contribuições de colaboradores e parceiros que podem auxiliar na evolução e sustentabilidade do seu empreendimento.