Durante o ciclo de vida de uma empresa, é comum necessitar de recursos, seja para viabilizar a compra de mercadorias ou para ampliar o estabelecimento. É usual neste momento recorrer ao sistema financeiro, expor sua demanda, apresentar os documentos solicitados e, mesmo assim, após dias de expectativa, não obter o valor ou, ainda, conseguir um montante inferior ao solicitado. Ao questionar o motivo, a resposta é: seu score de crédito é muito baixo. Então, você se pergunta: afinal, o que é score de crédito? O que o banco leva em consideração para conceder crédito? O que é necessário saber? Como me preparar?
Em primeiro lugar, entenda o que é score bancário.
Trata-se de um modelo estatístico e sigiloso utilizado para análise de crédito. Cada instituição define seu modelo, assim como a pontuação mínima e máxima. Geralmente, as empresas são ranqueadas de acordo com o risco de inadimplência. A partir deste ranking, cada instituição define com qual pontuação mínima irá trabalhar. O período mínimo abrangido pelo score é de 12 meses, podendo variar de acordo com as diretrizes da instituição financeira. Há elementos comuns e essenciais a todas as instituições financeiras na composição do score bancário, que são:
– histórico e apontamentos cadastrais no SPC, SERASA e SISBACEN (empresa e sócios);
– comportamento de crédito no Bacen;
– utilização do sistema financeiro (empresa e sócios);
– informações contábeis e financeiras da empresa.
É fundamental não confundir score bancário com score Serasa, já que este não leva em consideração o relacionamento com o sistema financeiro.
Mas o que o banco leva em consideração para conceder crédito?
Para conceder crédito, as instituições utilizam informações que são de natureza objetiva e subjetiva. A primeira leva em consideração a disponibilidade de informações comprovadas por meio de documentos formais da empresa; a segunda não pode ser comprovada, porém, com a experiência do analista de crédito, é possível identificar fatores relacionados à capacidade do empreendedor e estabilidade do negócio. É importante compreender que no processo de avaliação de crédito são considerados os 5Cs do crédito (caráter, capacidade, capital, condições e colateral).
- Caráter: trata-se da avaliação do comportamento do tomador de crédito no mercado em geral. Tal comportamento é registrado em bancos de dados e os comumente utilizados são SPC e SERASA. No SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) são registradas as dívidas contraídas junto ao comércio – o histórico é alimentado pelas empresas credenciadas. Já no SERASA são registradas as dívidas bancárias e também cheques sem fundos, protesto de título em cartório e dívidas decorrentes de ação de execução fiscal. Portanto, evite que seu nome ou o da sua empresa vá para os cadastros mencionados. Vale uma pesquisa junto aos órgãos para checar e sanar pendências anteriores, se necessário.
- Capacidade de pagar o financiamento. Para avaliar a capacidade de pagamento do tomador de crédito, a instituição financeira utiliza as demonstrações contábeis e financeiras. Destaco aqui o fluxo de caixa, que é um instrumento financeiro no qual são registradas e controladas as movimentações financeiras da empresa (entradas e saídas). Ademais, esse controle auxilia na tomada de decisão e contribui para a manutenção da liquidez da empresa (capacidade de pagamento). Lembre-se: após utilizado, o crédito se transforma em obrigação! Verifique se o valor a pagar não irá comprometer a liquidez da empresa.
- Capital: situação patrimonial, que é avaliada por meio de relatórios contábeis e financeiros. Destaco aqui o Balanço Patrimonial, no qual é possível identificar a estrutura de capital da empresa. Outro relatório utilizado é o Demonstrativo de Resultado de Exercício (DRE), um relatório contábil que apresenta de forma resumida as informações da empresa, agrupando receitas, custos, despesas e resultados (lucro ou prejuízo) e permite avaliar se a empresa gera resultados que contribuam para o seu crescimento.
- Colateral: O Banco Central permite que as instituições solicitem garantias nas operações de crédito, a fim de assegurar o recebimento do valor concedido. Garantia é um conjunto de bens em nome da empresa e dos sócios. A preferência é por bens de maior liquidez, que é a velocidade/capacidade de transformar o bem em dinheiro. A garantia solicitada é de aproximadamente 130% do valor financiado. A falta de garantias é um obstáculo na obtenção do crédito. Para complementar as garantias, uma opção para as MPE é a utilização do Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas (FAMPE).
Consulte:http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/Busca?q=Fampe.
- Condições: cenário econômico. As instituições financeiras avaliam não apenas os dados apresentados pela empresa, mas também o cenário econômico em que o tomador de empréstimo se insere, com a finalidade de avaliar fatores que impactarão na definição de taxas, prazos e quantia a ser liberada.
É bom saber!!!
No país, todas as operações de crédito acima de R$ 200 são registradas, mensalmente, em um banco de dados denominado Sistema de Informações de Crédito (SCR), do Banco Central, cuja finalidade é regular a atividade financeira e garantir maior agilidade e segurança na concessão. Importante ressaltar que as informações do SCR só podem ser utilizadas pelas instituições financeiras se você autorizar. O titular pode consultar dados dos últimos 60 meses e as instituições, desde que autorizadas, podem ter acesso aos últimos 24 meses. Se beneficie do SCR, consulte as informações armazenadas referentes ao seu CPF ou CNPJ e, se necessário, regularize as pendências.
Acesse https://www.bcb.gov.br/cidadaniafinanceira/registrato.
A utilização de serviços bancários é o primeiro passo no relacionamento com as instituições financeiras, que disponibilizam uma série de produtos e serviços que visam facilitar a gestão da empresa (PJ) e a vida dos empreendedores (PF). Dentre os serviços financeiros mais comuns, podemos mencionar: conta corrente, cobrança bancária, cartão de crédito empresarial e pessoal, gerenciador financeiro, transferência bancária, pagamento eletrônico de salários, débito automático e aceitação de cartão de crédito.
Evite fazer a movimentação da empresa na conta pessoal. Considere utilizar produtos e serviços adequados às suas necessidades empresariais e pessoais. Lembre-se: ambas são consideradas no quesito relacionamento. Utilize os produtos e serviços financeiros de forma consciente, pois o não cumprimento de suas obrigações enseja registro nos órgãos de proteção ao crédito mencionados anteriormente.
Prepare-se:
- Mantenha cadastro de PF e PJ atualizados;
- Estabeleça relacionamento com a instituição financeira;
- Tenha clareza sobre sua demanda (finalidade do crédito);
- Disponha de um sistema de informações contábeis e financeiras,
- Verifique a disponibilidade de garantias;
- Demonstre conhecimento do seu negócio, assim como do mercado em que atua;
- Elabore sua proposta e sucesso!