A palavra desenvolvimento está associada ao avanço de uma sociedade, que, em geral, deve ser voltado para a melhoria da qualidade de vida das pessoas que vivem em uma determinada região, seja um bairro, um município, um conjunto de municípios ou qualquer recorte de área a ser definido. Em algumas situações, esse recorte é estabelecido para um conjunto de pessoas que vivem sob semelhantes condições de vida e, portanto, com necessidades semelhantes. De forma contemporânea, os estudiosos chamam a região delimitada para um estudo de desenvolvimento de “território”.
As pessoas buscam, de forma frequente, soluções que possam desenvolver o território em que vivem e há várias formas de compreender como isso pode acontecer. No Sebrae, trabalhamos com uma abordagem que facilita essa compreensão, a qual chamamos de Desenvolvimento Econômico Local (DEL). Temos clareza da importância das políticas públicas voltadas para o desenvolvimento de uma região como forma de ajudar o fortalecimento das atividades empresariais, em especial dos pequenos negócios, que representam mais de 96% das empresas existentes no país. Então, essa abordagem busca envolver não só a comunidade empresarial, mas os poderes públicos instalados em um território, além de outros protagonistas que ali residem e que podem colaborar com seu desenvolvimento.
São lideranças de entidades empresariais, de instituições de ensino, de órgãos de pesquisa e da sociedade em geral, além das próprias autoridades políticas. Em conjunto, elas estabelecem uma governança que busca discutir formas para promover o desenvolvimento e são estimuladas a colocar em prática um planejamento de longo prazo, pensando, também, no desenvolvimento social, ambiental e até cultural, que, junto com o desenvolvimento econômico, são indissociáveis para melhorar a qualidade de vida dos moradores.
A abordagem prevê um “olhar para dentro do território” como premissa principal. E, para isso, são analisadas pelo menos cinco dimensões que possuem relevância e impacto no desenvolvimento: Capital Empreendedor, Tecido Empresarial, Governança para o Desenvolvimento, Organização do Sistema Produtivo Local e Inserção Competitiva.
Capital Empreendedor
Esta é a primeira condição para o desenvolvimento e torna-se propulsora dessa abordagem a partir do momento em que há o estimulo a comportamentos que levem a negócios mais inovadores e sustentáveis dentro do território. A educação empreendedora deve ser estimulada desde o ensino fundamental, para que se crie uma cultura capaz de gerar novas alternativas e modelos de negócios. Mas também é importante a difusão da educação empreendedora fora do ensino formal, de forma que os empreendedores já estabelecidos possam ter um olhar mais inovador e sustentável nas estratégias de suas empresas.
Tecido Empresarial
A segunda dimensão transforma os interesses individuais em questões coletivas. A participação de entidades empresariais, cooperativas, agências de desenvolvimento e outras instituições que pensam o futuro de uma região é de fundamental importância, uma vez que as demandas coletivas ganham legitimidade por meio da união de propostas, construídas com o intuito de promover o bem comum. Essa dimensão liga as várias demandas e interesses de diferentes grupos empresariais localizados no território e os remete às autoridades e representações que podem contribuir na execução das propostas. Não é producente realizar proposições inviáveis dentro do prazo planejado.
Governança para o Desenvolvimento
A terceira dimensão busca o fortalecimento de um modelo pluri representativo de gestão para a elaboração do planejamento e a execução das propostas, com envolvimento da sociedade, mercado e poder público. Estabelecer um clima de confiança entre esses atores é uma questão chave para o sucesso de um plano de desenvolvimento.
Organização do Sistema Produtivo Local
A quarta dimensão trata de estabelecer um modelo sistêmico para a atuação das cadeias produtivas instaladas no território e visa incrementar sua competitividade, alavancando, fortalecendo e dinamizando a economia local. É importante ressaltar as vocações produtivas que existem no território, com o objetivo de estimular seu crescimento, mas também buscar alternativas dentro dos multissegmentos empresariais que estão espalhados no território, sem conexões estabelecidas entre eles.
Inserção Competitiva
Esta última busca compreender como ampliar os mercados de atuação das empresas no território e fora dele. É um estágio que se alcança através de um trabalho de fortalecimento das empresas locais, em especial as de pequeno porte. A agregação de serviços a essas empresas é importante para a conquista de novos mercados e para o aumento do valor gerado dentro de cada cadeia produtiva. Deve ser alvo de discussão durante o planejamento.
No trabalho de construção do plano de ação para o território, é importante o uso da inteligência setorial, que é capaz de gerar insumos para as discussões dos atores envolvidos. O uso de dados dá maior assertividade às decisões necessárias à construção das estratégias a serem adotadas no território.
O Sebrae criou o Índice Sebrae de Desenvolvimento Econômico Local (ISDEL) com a finalidade de monitorar o avanço do planejamento proposto. A visão multifacetada do Desenvolvimento Econômico Local demanda uma visão unificada dos indicadores que traduzem as cinco dimensões abordadas, de modo a proporcionar uma visão dinâmica e comparativa das condições de desenvolvimento dos territórios. A concepção do ISDEL enfrenta esse desafio compatibilizando aproximadamente 50 indicadores de mais de uma dezena de fontes oficiais. A variedade permite uma visão mais ampla do desenvolvimento econômico de uma região em comparação com o PIB per capita, um dos principais dados utilizados.